Venho de mais uma grande noite de
inauguração em Serralves. Desta vez, com todas as salas do museu ocupadas pela
mais completa exposição retrospetiva de sempre do português Julião Sarmento. “Noites
Brancas” é comissariada por João Fernandes e James Lingwood, coincidindo ainda
com a despedida daquele após mais de 15 anos de colaboração e 7 como diretor – obrigado,
João!
Quanto a Julião Sarmento, fiquei a perceber
melhor quanto o seu trabalho é “um exercício de intimidade” e “o maior ato de
liberdade que existe”. Assim como o seu interesse pelo questionamento e pelo diálogo
a propósito de “tudo e mais alguma coisa”. Ou porque se considera “fundamentalmente
um veículo de ideias”, qualquer que seja o conceito que explora (desejo, sexo, erotismo) ou o suporte expedito a que recorra
(desenho, pintura, vídeo, fotografia, escultura, instalação, performance). Sendo
que, como diz, “nunca tenho uma coisa em mente, tenho sempre muitas coisas em
mente”.
De registar, ainda, a presença agradável
e suave do novo secretário de Estado da Cultura, em tudo contrastando com a
postura proboscídea de Viegas. Mas a conversa da noite foi ocasional e passou
pelo “pai” de Serralves, João (Jonas) Marques Pinto. Relatando deliciosos episódios
passados e mostrando sentidas preocupações futuras, com a densidade que
carateriza um modo de ser portuense em vias de extinção – a atual elite “escorre
Braga por si abaixo”… De um portuense que preferiu afastar-se do seu Porto, tal como
Julião Sarmento faria do seu Portugal – “não vislumbro no futuro de Portugal nada que
me faça ter o desejo de cá ficar” –, não fora “a preguiça de começar de novo”…
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