sábado, 24 de novembro de 2012

TRÊS JOTAS EM SERRALVES




Venho de mais uma grande noite de inauguração em Serralves. Desta vez, com todas as salas do museu ocupadas pela mais completa exposição retrospetiva de sempre do português Julião Sarmento. “Noites Brancas” é comissariada por João Fernandes e James Lingwood, coincidindo ainda com a despedida daquele após mais de 15 anos de colaboração e 7 como diretor – obrigado, João!
 
Quanto a Julião Sarmento, fiquei a perceber melhor quanto o seu trabalho é “um exercício de intimidade” e “o maior ato de liberdade que existe”. Assim como o seu interesse pelo questionamento e pelo diálogo a propósito de “tudo e mais alguma coisa”. Ou porque se considera “fundamentalmente um veículo de ideias”, qualquer que seja o conceito que explora (desejo, sexo, erotismo) ou o suporte expedito a que recorra (desenho, pintura, vídeo, fotografia, escultura, instalação, performance). Sendo que, como diz, “nunca tenho uma coisa em mente, tenho sempre muitas coisas em mente”.
 
De registar, ainda, a presença agradável e suave do novo secretário de Estado da Cultura, em tudo contrastando com a postura proboscídea de Viegas. Mas a conversa da noite foi ocasional e passou pelo “pai” de Serralves, João (Jonas) Marques Pinto. Relatando deliciosos episódios passados e mostrando sentidas preocupações futuras, com a densidade que carateriza um modo de ser portuense em vias de extinção – a atual elite “escorre Braga por si abaixo”… De um portuense que preferiu afastar-se do seu Porto, tal como Julião Sarmento faria do seu Portugal – “não vislumbro no futuro de Portugal nada que me faça ter o desejo de cá ficar” –, não fora “a preguiça de começar de novo”…

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