quinta-feira, 2 de abril de 2020

A BOLSA OU A VIDA

(cartoon de Rodrigo de Matos, https://expresso.pt)

De entre as múltiplas dificuldades de decisão com que em permanência se deparam as autoridades nacionais uma das mais dramáticas é a que corresponde à arbitragem entre saúde e economia, nos termos que a última crónica de Ricardo Reis no “Expresso” equacionava sob o sugestivo título “A Bolsa ou a Vida”, que capturo com a devida vénia (acima, alguns excertos escolhidos para evidenciar o essencial, já que noutros planos conexos o texto era, a meu ver, menos preciso e útil do que habitualmente resulta das intervenções do autor).

Algumas daquelas autoridades anteciparam a questão em sentido contrário ao da maioria das suas congéneres, sendo os casos das o Reino Unido e dos Estados Unidos os que mais visivelmente andaram por aí (mesmo que de modo politicamente inconsciente, sublinhe-se). Mas há também a registar o exemplo de vários países asiáticos inicialmente atingidos (como a Coreia do Sul ou Singapura, p.e.) e situações europeias algo misteriosamente “fora da caixa” (como as da Suécia e até da Holanda, embora com resultados ainda insuscetíveis de uma avaliação conclusiva). O próprio Bolsonaro, após as criminosas loucuras que disse e fez, parece querer dar sinais de evoluir num sentido dessa natureza, sobretudo após ter encaixado um enorme coro de protestos cidadãos e políticos e começado a ouvir e talvez acolher os conselhos mais conscientes de alguns próximos.

(Bruno Aziz, http://atarde.uol.com.br)

De um ou de outro modo, esta é uma questão que está crescentemente em cima da mesa. Resta-nos a esperança de ela não vir a ter que ter uma acuidade que vá para lá da conta pessoalmente suportável por decisores conscientes do peso das suas opções e verdadeiramente empenhados na maximização do bem-estar (ou na minimização do mal-estar) dos povos que servem.

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