(As
questões da desigualdade no acesso e no usufruir da educação são estruturais e
não podem perder-se entre as nossas preocupações de momento. Sabemos até, por via dos trabalhos seminais de Heckman, que
quanto mais tarde essas desigualdades forem atenuadas mais irreversível é o
efeito futuro sobre os jovens. Mas isso não significa que
reconheçamos que, por vezes, o país funciona e tantas vezes me preocupei neste
espaço em demonstrar que não funciona.)
Vou tomar
minhas as palavras do meu filho Hugo e isso basta-me:
“Uma miúda de oito anos
nervosa e ansiosa por ver os colegas (e que “dormiu mal preocupada com as novas
aulas”); um agrupamento público de escolas com um horário excelente e sensato;
uma excelente comunicação com os pais; uma professora inexcedível que garante
um início absolutamente integrador, em que todos (mesmo todos, sem qualquer exceção)
“sabem uns dos outros” e colocam a máquina a funcionar entre “desliga agora o
microfone”; uma tele-escola com um sítio excelente, acessibilidade de meios e
aulas bem-pensadas e motivadoras; a possibilidade de uma família mudar
rapidamente uma rotina e deixar uma miúda de oito anos novamente entusiasmada
com “aprender coisas novas”. Não sei como poderia ter corrido melhor,
francamente”.
É óbvio que
as condições domésticas não são todas similares e este país a funcionar não tem
a mesma perceção ou avaliação consoante essas condições logísticas das
famílias.
Mas não é
assim que sucede com praticamente todas as áreas da intervenção pública?
Face a estas questões, abomino as inúteis e fúteis polémicas sobre a comemoração do 25 de abril. Claro que teria de haver essa comemoração, com o bom senso do ajustamento ao contexto que vivemos.
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