segunda-feira, 6 de abril de 2020

HÁ VIDA (E MORTE) PARA ALÉM DO COVID


Há semanas que ninguém fala de outra coisa que não do maldito vírus e seus efeitos. Sem prejuízo da razoabilidade de assim ser, algo mais vai necessariamente acontecendo pela Europa e pelo mundo já que por cá pouco ou nada há a relevar que faça sentido que não seja uma veemente denúncia da brutal morte de um cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa às mãos de três inspetores do SEF.


Do dia de hoje destaco, na Europa, a chamada de atenção do “ABC” para a excecional continuidade de uma acentuada confrontação político-partidária em Espanha – com Sánchez sob enorme fogo e a revelar uma popularidade baixíssima em contraste com a de alguns dos seus congéneres europeus – e o marco redondo de 700 anos de luta pela independência escocesa que o “The National” faz emergir com grande visibilidade – num reporte à “Declaração de Arbroath” de 1320, que visava reconhecer Robert the Bruce como legítimo Rei da Escócia e tendo por referência subliminar o cenário decorrente do rescaldo do Brexit.

Mas há também dados novos em planos mais estritamente partidários, seja no tocante à finalmente ocorrida sucessão de Corbyn no Labour – na pessoa de um tal Keir Starmer que, não tendo grande cara (mas quem vê caras...), conseguiu a notável obra de afastar quatro mulheres candidatas ao lugar – ou à cada vez mais anunciada manutenção de Angela Merkel ao comando da CDU (atendendo ao aumento da sua popularidade na presente conjuntura ou às contradições internas em presença depois da demissão de AKK, e apesar do favoritismo de Merz, tudo tendo em vista a próxima presidência alemã da UE e a reconstrução da economia do país na sequência da débacle decorrente da crise em curso).

(cartoons de Bob Moran, http://www.telegraph.co.uk e Patrick Blower, http://www.telegraph.co.uk)

(cartoons de James Ferguson, http://www.ft.com e Joe Cummings, http://www.ft.com)

Enquanto isto, Portugal vive atravessado por um debate de grande fôlego, a saber, o da necessidade ou não de um “governo de salvação nacional” para enfrentar o pós-crise. Um tema que de algum modo me reconduz a pensar nos “marretas”, tendo começado por ser antecipado por um comentador (José Miguel Júdice) que descobriu a sua verdadeira vocação tarde e a más horas e ontem acabado de recuperar pelo oráculo dominical da SIC (a pretexto de uma reivindicação de Rui Rio, que foi mais empurrada pelo entrevistador da RTP do que pela sua própria vontade estratégica).

Fora disso, só retive o vídeo de chorar baba e ranho com que Ventura se veio dizer “farto e cansado” e demissionário da liderança do “Chega”, os delírios do futebol pela boca do presidente da Liga Pedro Proença e a estranha precipitação com que se tenta pôr na agenda a substituição de Carlos Costa na governação do Banco de Portugal quando ainda faltam dois meses para o termo do seu mandato. Ah, e já me ia esquecendo, sobre a TAP apenas pressões e ruído em lugar de um debate sério e tão ponderado e efetivo quanto as circunstâncias o permitem sobre o que fazer de uma companhia de bandeira semiprivatizada ou algo do género.





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