(Finantial Times)
(A Organização Mundial de Saúde vive tempos difíceis. Na
maneira como está o mundo, que não se recomenda, não acredito em instituições puras
do ponto de vista da sai independência. Daí a ignorar a alarvidade oportunista de Trump, que encontra bodes expiatórios
em tudo que mexe à sua volta vai uma grande distância. Suspender a emigração
nos EUA e interromper ou bloquear o seu financiamento à OMS são decisões do
mesmo foro. Mas talvez fosse conveniente dar uma olhada à estrutura de
financiamento desta organização mundial.
O Financial Times Brussels briefing brinda-me bem cedo pela manhã com algumas notas
ou notícias sobre temas europeus e mundiais que frequentemente me ajudam a construir
representações mais objetivas e melhor justificadas sobre questões sobre as
quais a não proximidade física tende a ser fatal.
O gráfico de hoje
descreve-nos a estrutura de financiamento da OMS segundo um critério simples e grosseiro
de cálculo do peso que cabe a cada país nesse financiamento. Como é óbvio e em
bom rigor deveríamos ponderar aquela estrutura de contribuições financeiras
seja pela população (veja-se a dimensão demográfica da pandemia nos EUA), seja
pela própria dimensão económica dos países. Tal equivaleria a uma perspetiva do
gráfico menos distorcida. Mas quando vemos a contribuição da União Europeia e a
dimensão da sua barra compreendemos que, embora tenhamos de contar também as
contribuições individuais de alguns países como a Alemanha, a debilidade do
contributo do bloco União Europeia espanta-nos.
Tal como o FT nos
interpela, parece ser tempo da União Europeia, se quer marcar alguma posição e
fazer valer as suas perspetivas, entender que este é o momento certo. Se o
abandono dos EUA se for concretizado, outros ocuparão esse vazio, tal como o
estão a fazer em algumas paragens do mundo em que os americanos deixaram de ser
relevantes.
Neste
caso, como diz e bem o FT, é tempo de devolver a retórica ao caixote do lixo,
digo eu. De facto, podemos andar preocupados com por exemplo o que pode a
pandemia do COVID-19 representar para continentes como África ou a América Latina.
Ora, não adiantará clamar pelos bons princípios e deixar a OMS à deriva. É
claro que o rombo interno é apreciável e vai exigir a reunião de todas as
forças para atingir um limiar mínimo de intervenção. Mas se essa for a
prioridade então deixem-se de retóricas e não criem ilusões a esses continentes.
Até porque se abandonarem a retórica é provável que outros se cheguem à frente,
não tão platonicamente e para sossegar consciências, mas com mais vigor de
ajuda.
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