sexta-feira, 17 de abril de 2020

LETALIDADE



(Regresso aos gráficos da letalidade com dados de hoje de manhã do John Hopkins University Center. Prometo não ser obsessivo. O panorama vai-se alterando e a situação da Bélgica começa a assumir proporções preocupantes. Testemunhos que chegam de Bruxelas sugerem que em matéria de orientação e informação quanto à reação aconselhável perante a doença a situação é claramente insuficiente. A situação política do país estará a pesar nestes resultados?

O gráfico da manhã de hoje é esclarecedor. Não se trata dos 24 países com mais infetados, mas está próximo disso. Mantenho a comparação entre os escandinavos e acrescento a Rússia. Um conjunto de sete países domina claramente em matéria de valores mais elevados da taxa de letalidade por infetados registados. Sabemos a falibilidade desta taxa, fortemente influenciada pela fraca comparabilidade do denominador em cada país, dada a diversidade de abordagens em matéria de testes à população.

Mas o conjunto de países é em si revelador: Bélgica, Reino Unido, Itália, França, Países Baixos, Suécia e Espanha. Neste universo de maior letalidade, avultam os seguintes traços: (i) caráter errático na abordagem à crise (Reino Unido); (ii) modelo mais distendido na contenção (Países Baixos e Suécia); (iii) pulsão inicial muito forte da emergência do vírus e atrasos de resposta (Espanha e Itália); (iv) eventual influência de fragilidade política de governo (Bélgica). Não consigo compreender os valores elevadíssimos da França. Um país mais vulnerável do que normalmente assumimos que é, atribuindo algum sentido à exaustão social que precedeu os “maillots jaunes”?


A análise da taxa de letalidade por 1.000 habitantes não diverge muito do que fica dito atrás, o que esbate o problema da não comparabilidade de métodos de testagem. E a Bélgica de novo a encimar a distribuição.

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