quinta-feira, 2 de abril de 2020

CAPAS FALANTES VINDAS DO FUNDO DESTES DIAS


Como por vezes acontece, a “The Economist” da presente semana apresenta duas capas diferentes consoante a área geográfica a que se dirige a correspondente edição. Enquanto na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos o foco privilegiado é o da “mais dramática” e súbita extensão do papel do Estado na economia desde a segunda guerra mundial – porque, apesar das convicções dos “crentes em governos limitados e mercados abertos” e das implicações económicas e individuais associadas ao facto de que “o Estado não prescinde do terreno que conquista durante as crises” (uma visão algo ideologizada!), “só o Estado pode impor o isolamento e o fechamento de negócios para parar o vírus” e “só ele pode ajudar a compensar o colapso económico resultante” –, as edições do resto do mundo centram-se nos “danos que a doença provocará nos países pobres, os quais que poderão ser ainda piores do que no mundo rico” – “os sistemas de saúde nos países pobres não estão em condições de lidar” com o alastramento da doença e as suas economias serão fortemente atingidas (to say the least), afirma-se, não sem muito judiciosamente se concluir que “é do interesse dos países ricos pensar globalmente” porque “se se permitir que a Covid-19 devaste o mundo emergente, a devastação will soon spread back sobre o mundo rico”.

Este número da prestigiada revista britânica aborda assim, indiscutivelmente, duas formas bem diversas mas claramente complementares de encarar esta crise e os seus tremendos desenvolvimentos em curso ou à vista. Não obstante, também poderíamos centrar-nos em duas outras evidências, ainda mais marcantes na atual conjuntura, como sejam aquelas que o “Libération” destacou nas suas capas dos últimos dois dias: o confinamento e correspondente melancovid, por um lado, e a chegada em força do vírus aos EUA de Trump e a sua contundente caraterização como “primeira impotência mundial”, por outro.

E assim prosseguimos nesta espera angustiante de que uma maior segurança na saúde pública possa ser eficazmente alcançada para que de seguida possamos enfrentar com denodo o touro económico pelos cornos...

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