(Hospital de campanha em Londres)
(Foco-me na abordagem do governo britânico à pandemia. Moral
da história: estratégias erráticas podem se fatais.)
Até agora temos referenciado abordagens reativas em tempo ajustado ou atrasadas
no tempo, revelando-se as últimas fortemente penalizadoras em termos de
letalidade.
Mas há também as estratégias erráticas. Para já o melhor exemplo é o do
Reino Unido. Aqui ficam dois testemunhos sobre essa perigosa oscilação
britânica.
Simon Wren-Lewis no MAINLY MACRO (EXCERTO) (link aqui):
“(…) Será que o governo seguiu a ciência?
De certo modo essa questão é irrelevante. Como Ben Chu sugere, tratar uma
pandemia não implica socorrer-se de uma ciência na qual as questões estão bem
formuladas e são conhecidas com uma quase certeza. Nenhum cientista desejaria
parar um governo, depois de conhecer os primeiros casos do COVID-19 no Reino Unido
em meados de Fevereiro, distribuindo equipamento de proteção aos médicos,
encomendando novos ventiladores e promovendo a capacidade de realização de
testes. O facto disso não ter acontecido senão em meados de Março é, como a
Lancet sugere, um escândalo nacional”.
Revista Lancet (link aqui)
“Quando isto tudo acabar, toda a Direção do Sistema
Nacional de Saúde inglês deve demitir-se”. Assim escreveu um trabalhador do SNS
no ultimo fim de semana. A dimensão da fúria e da frustração não tem precedentes
e a doença do COVID-19 é a razão. A estratégia do Governo britânico de “Conter-Atrasar-Mitigar-Investigar”
falhou. Falhou em parte porque não seguiu o conselho da ONS “testar, testar,
testar” qualquer caso suspeito. Não promoveram o isolamento e a quarentena. Não
seguiram o rasto dos casos. Estes princípios básicos de saúde pública e de controlo
de doenças infecciosas foram ignorados, por razões que permanecem opacas. O Reino
Unido tem agora um novo plano – Suprimir – Proteger–Tratar–Minimizar. Mas este
plano, assumido demasiado tarde durante o surto, deixou o SNS globalmente
impreparado para a emergência de doentes em situações críticas e severas que
estão aí a chegar.”
Moral da história para apreciação
futura: estratégias erráticas são tão penalizadoras como as não estratégias ou
as estratégias atrasadas.
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