terça-feira, 30 de maio de 2023

BRAIN DRAIN COM SABOR A VODKA

 

                                                                                       Bruegel

(O conflito gerado pela demente invasão russa da Ucrânia está não só provavelmente para durar, como também se encontra no auge da confusão. Os Russos estiveram esta semana numa desesperada escalada de ataques através de drones, tendo como alvo essencial a própria Kiev. Por sua banda, os Ucranianos anunciam uma contraofensiva que ainda não se sabe que contornos terá e alguns drones pairaram também sobre a própria Moscovo, com contornos difíceis de plenamente compreender. Entretanto, em matéria de consequências das sanções ocidentais aplicadas ao invasor a confusão de informação é demasiada para meu gosto, tendo em conta designadamente que o início do declínio da economia russa é já anterior à própria invasão e sanções, o que torna ainda mais complexa a determinação dos danos que estão a ser provocados à economia russa.

Por isso, prefiro agarrar-me aos indicadores que considero mais pertinentes e fiáveis.

O indicador que hoje trago à vossa reflexão tem a particularidade de poder ser considerada de representar uma reação endógena aos malefícios da sociedade e do regime russos.

Estou a referir-me aos números do Bruegel relativos à emigração de russos para o exterior. O gráfico que abre este post é esclarecedor, tamanho é o pico observado nessa variável. Do valor global de cerca de 1,3 milhões de pessoas que saíram do território, sabe-se que a situação é particularmente crítica em relação aos profissionais em áreas tecnológicas. Mesmo sabendo que o elevado nível de qualificações da população russa com valências científicas nas áreas STEM pode esbater o significado do valor daquele fluxo de saída, a emigração não pode deixar de ser entendida como um sinal do mal-estar da população, sendo os mais qualificados os que se encontram em melhores condições de procurar uma alternativa no exterior. Tudo isto acontece ainda sem uma visão clara da saída efetiva do país de empresas multinacionais, já que se falava de um intervalo entre 6 e 40%, o que diz bem da indeterminação.

Estima-se que cerca de 100.000 especialistas em TIC tenham abandonado o país, o que para a modernização do país pode representar um verdadeiro pesadelo futuro.

 

Sem comentários:

Enviar um comentário