terça-feira, 23 de maio de 2023

CORUNHA-LISBOA, PARA QUANDO?

 

                                                (Voz de Galicia)

(A imprensa galega deu o devido destaque à publicação em Diário Oficial da posição assumida pelo Parlamento Europeu em relação à proposta da Comissão Europeia de apoiar, com atribuição a uma operadora privada, a IRYO, da ligação em alta velocidade Corunha-Lisboa, inserida num vasto plano de conectividade de 10 rotas entre as principais cidades europeias. Com a posição do Parlamento Europeu fecha-se a decisão europeia de apoiar rotas europeias de grande alcance (incluindo Madrid-Lisboa), envolvendo apoio à infraestrutura em bitola internacional, sistemas de segurança e equipamento interoperável. Apetece dizer tanto tempo e tanto esforço de ganhos de visibilidade para as terras do Noroeste peninsular para aqui chegar e agora, que o apoio europeu está garantido, estão os dois governos, principalmente o português, atrasados como sempre. Em meu entender, isto demonstra falta de interesse e vontade estratégicos, ficando assim no ar a tramada pergunta, para quando e como é que os monopólios públicos da RENFE e da CP irão conviver com esta atribuição a uma operadora privada de uma rede de alta velocidade?)

O facto da imprensa galega ter dedicado atenção ao assunto e a portuguesa andar entretida em explorar as “galambices” deste tempo mostra uma vez mais como o interesse ibérico na interconexão rápida e descarbonizável é assimétrico. Os galegos são os verdadeiros interessados no assunto, a chegada a Lisboa oblige. Veremos se o luso orgulho centralista resistirá ao facto de poder ter no tempo uma primeira ligação em alta velocidade à Europa pelas bandas do sul da Galiza, entroncando o Corunha-Lisboa com o Vigo-Madrid, precedendo a Lisboa-Madrid ou se mexerá todos os cordelinhos possíveis para garantir prioridade à Lisboa-Madrid.

Os Ministros mudam e os interesses do centralismo persistem. Em tempos idos, a decisão de um Ministro trucidado pela TAP, Pedro Nuno Santos, assumiu a prioridade do início dos trabalhos do Corunha-Lisboa pelo troço Braga-Vigo, mas provavelmente foram palavras levadas pelo vento da turbulência, apertem os cintos e que as prioridades sejam revistas. Creio que João Galamba nem tempo teve para pensar no assunto. E as gloriosas forças vivas do Norte, esse grande mito do nosso universo territorial, deverão andar a tecer novas urdiduras, ou talvez andem simplesmente entretidos com outros negócios … ou patrocínios.

Viverei eu ainda o suficiente para usufruir, mesmo com bengala, de uma ligação rápida à Corunha?

 

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