terça-feira, 23 de maio de 2023

DECOUPLING? SIM, PORQUE NÃO?

 


(Com recurso ao muito estimável mundo do Our World in Data de Max Roser é possível demonstrar que, ao contrário do que pensam os radicais adeptos do decrescimento, para mim, uma das últimas manifestações do radicalismo anticapitalismo, este de natureza soft e urbana, é possível ver algum futuro na redução de emissões, na produção e no consumo, sem abdicar da ambição de crescer. Crescer da mesma maneira, não obviamente. Mas, de qualquer modo, crescer. Os dados disponíveis para a Suécia impactam pela sua simetria. Mas de modo geral o “decoupling” existe. E como vamos nós de “decoupling”? Também existe evidência de que poderemos começar a estar na onda, mas com a ocorrência no passado de um fenómeno estranho – anemia de crescimento e emissões para dar e vender, ou seja, sempre na rota da singularidade não recomendável.

A informação disponibilizada pelo Our World in Data para a Suécia é eloquente.  Crescimento do rendimento per capita e redução de emissões de gases com efeito de estufa evoluem claramente em sentido contrário. “Decoupling” no seu melhor, mostrando que não é uma coisa de decrescimento, mas antes de crescer de forma diferente.

Claro que os suecos são o que são, é difícil replicá-los e por isso os radicais do decrescimento dirão, sim, mas para outros países o mais sensato é reduzir crescimento.


 

As minhas desculpas mas não é isso que os dados globais nos oferecem. Nesta perspetiva mais global, o “decoupling” é também evidente, evoluindo as curvas do rendimento per capita e as da produção e consumo de emissões em sentido francamente oposto.

E cá pela nossa terra, com todo o bicho careta comentador e não só a pedir mais ambição de crescimento?


Os dados do Our World in Data mostram que a adaptação do nosso crescimento à redução de emissões está longe de estar conseguida, observando-se o decoupling num curto espaço de tempo. De 1995 a 2012, pelo contrário, o consumo de emissões foi um fartote. Só de 2017 a 2020, o crescimento vigorou com redução de emissões, noutros períodos ambos desceram. 

Podem experimentar simulando com outros países.

Moral da história:

Meus Amigos do discurso para uma maior ambição de crescimento, urge pormenorizar a mensagem. Maior ambição de crescimento, sim sem dúvida, mas também com ambição de decoupling e redução de emissões. As renováveis ajudam mas não chegam. É necessário ir à raiz do conteúdo do crescimento, sim com mais conhecimento e inovação e também com menos emissões. Nesta base, sigo-vos na parada.

 

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