domingo, 14 de maio de 2023

CONVENCE-TE, ANTÓNIO!

 


(Já por repetidas vezes tive aqui oportunidade de me concentrar nas inúmeras dúvidas que a compra de um veículo elétrico me suscita, sobretudo pela combinação de três fatores: a questão da capacidade das baterias para uma viagem sossegada, a exiguidade da rede de carregamento e o preço. Aqui que ninguém nos ouve, talvez seja o preço o fator determinante, longamente habituado a um padrão de veículos em torno dos 30.000 euros e que seria ultrapassado por um qualquer modelo do tipo, mas elétrico. De qualquer modo, a procura “se muove”, sobretudo à medida que os incentivos à compra desses veículos são consagrados na política pública de favorecimento da descarbonização e que os investimentos na rede de postos de abastecimento alcançaram limiares razoáveis e visíveis para os potenciais utilizadores. A informação estatística disponível sobre a evolução da procura é mais convincente e disseminada do que a relativa à proliferação de postos de recarregamento. Pergunto-me se a promoção de nova habitação tem tido em conta essa necessidade futura. António, estás convencido? Por agora passo.)

O gráfico que abre este post dá conta de que a procura está de facto a mexer-se e a informação disponível mostra, lá que teria de ser para manter o que esperamos deles, que é por bandas da Escandinávia, mais propriamente a Noruega, país rico, pois claro, que os avanços da utilização de veículos elétricos estão ao rubro, com cerca de 80% dos veículos em circulação a serem já elétricos, estando confirmada a data de 2025 para proibição não sei se da circulação ou se da produção de veículos com motor de combustão. A estimativa para os EUA é que no fim da década a percentagem de venda de VE atinja 50%.

A Noruega assume-se, assim, como o país de experimentação e “benchmarking” para todos os indecisos como eu, especialmente se a política pública de incentivos de compra de veículos elétricos tiver por cá alguma expressão e se a rede de postos de recarregamento começar a incutir confiança nos utilizadores, pelo ao nível ao da confiança similar ao da existência de postos de venda de combustíveis. Em simultâneo, será também nas cidades norueguesas que os efeitos de redução de emissão de gases com efeito de estufa serão melhor medidos, pois em nenhum outro país os níveis de utilização dos VE terá atingido expressão similar. É claro que o maior peso dos carros elétricos agrava o problema abrasivo do contacto de pneus e asfalto, com multiplicação de micropartículas resultantes desse contacto, mas esse é um problema claramente de menor importância quando comparado com o das emissões de gases com efeitos de estufa e efeitos associados.

Admito que se não fosse o efeito dissuasor do preço, uma modalidade possível seria começar pelos veículos de utilização principalmente urbana, sobretudo em comutações casa-trabalho de baixa distância, de menor dimensão e mais baratos, para depois evoluir para os veículos utilizados em distâncias mais longas de lazer ou outro qualquer motivo.

Claro que existe também o problema da dotação de recursos existentes, designadamente de lítio, para fazer face à procura ascendente de baterias, mas um especialista da matéria, Hannah Ritchie (1) tranquiliza-nos com as suas estimativas, embora o ritmo a que a procura está a evoluir possa obrigar à revisão dessas estimativas mais confortáveis.

Resumindo, o mundo move-se em função da opção elétrica e, espero, com mais alguns anos de vida a opção talvez se transforme em algo de mais apelativo. Até lá, o Kia passou os 100.000 e continua a rolar sem problemas até que as evidências me convençam definitivamente.

(1) https://hannahritchie.substack.com/p/lithium-electric-vehicles

 

Sem comentários:

Enviar um comentário