terça-feira, 16 de maio de 2023

UM BRINDE À FERNANDA!

Foi já irremediavelmente tarde que chegou ao meu conhecimento a decisão do Presidente da República de condecorar, em Estrasburgo e no quadro da sua presença no Parlamento Europeu aquando do Dia da Europa, a jornalista Fernanda Gabriel por uma sucedida carreira ao serviço da informação sobre a Europa. Não que eu seja um especial apreciador destas honrarias, sobretudo porque cada vez mais banalizadas entre o “por tudo e por nada” e o “já agora”. Mas sim porque considero que há casos e casos, não devendo o justo pagar pelo pecador, sobretudo se estivermos perante gente que desenvolve o seu trabalho com competência e rigor, no silêncio dos gabinetes ou perante o escrutínio não menos silencioso do grande público. O que essencialmente releva na situação vertente.

 

A Fernanda saiu de Portugal há muito tempo, mas nunca deixou de ter o País e a sua terra de Monsanto (Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Beira Baixa) no coração e no centro das atenções. Vive em Estrasburgo há imensos anos, certamente impulsionada pela trajetória profissional do marido (o inglês Jack Hanning, senhor de uma brilhante carreira no Conselho da Europa e grande especialista em matérias de direitos humanos e afins). Circula semanalmente entre a cidade que adotou e Bruxelas, onde fundamentalmente trabalha em contextos temáticos próximos das instituições europeias (e onde desenvolve há anos uma função de formiguinha largamente apreciada junto de praticamente todos os enquadramentos político-partidários em presença, quer pelo obsessivo rigor da preparação profissional que procura à exaustão quer pela independência do posicionamento que adota para lá das suas próprias e legítimas opções), entrecortando tais movimentos com outras saídas mais longínquas de diversa ordem mas mais frequentemente com Portugal na mira (Monsanto, Lisboa e Estoril, Algarve e até paragens mais estrambólicas como as do recôndito Norte). Na cidade onde está radicada desenvolve(u) sem descanso atividades de múltiplo tipo, quase sempre cívicas ou culturais mas às vezes também políticas (como a de uma vereação na respetiva Câmara). Ainda sobra tempo à Fernanda para preocupações de incursão do mesmo tipo na “Terrinha”, como sejam por exemplo a aquisição que o casal fez recentemente de uma quota importante de capital do conceituado “Jornal do Fundão” (fundado por António Paulouro em 1946 e uma referência vinda dos tempos ditatoriais) mas também tantas outras escolhas locais pertinentes e valorizadoras não fundamentalmente guiadas por critérios de natureza pessoal ou promocional (escolhas que quem a conhece de infância e juventude, como o meu amigo e cirurgião-dentista António Felino não se cansa de lembrar enquanto caraterística distintiva da menina e jovem dos idos de 50 e 60 do século passado). E, não contente com tudo isto, a Fernanda consegue ser também uma “casamenteira” relacional do mais eficaz que conheço (chega às vezes a fazer milagres!), no duplo sentido de receber magnificamente os seus convidados e de os mimar com momentos de excelência incomparável, ponto em que o Jack também detém um papel decisivo na sua qualidade de “dono-de-casa” ímpar, por um lado, e de juntar pessoas diferentes (ou até quase contraditórias) a vários títulos e lograr um cocktail improvável de excelente conversa e debate, por outro.

 

Tive, pois, pena de não ter passado por Estrasburgo neste 9 de maio. Até para deixar o meu tributo à Fernanda e ao Jack relativamente a tudo quanto fui desvendando no seu modo de estar, além de lhes agradecer as voltas pela Alsácia ou pela Alemanha fronteiriça, os excelentes jantares caseiros ou exteriores que nos juntaram, as longas trocas de impressões acontecidas a quatro ou a mais (como com a Ana Gomes e o António Franco ou com a Didas e o Luís Filipe Castro Mendes, entre outros) e tantas outras manifestações de amizade. Sem prejuízo do essencial, já acima sublinhado, o testemunho público do inteiro merecimento da distinção que lhe foi concedida.

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