sexta-feira, 19 de maio de 2023

PARECE NÃO HAVER NECESSIDADE …

 


(A crítica do decrescimento voluntário como meio de resolver o problema das ameaças da mudança climática e da destruição da biodiversidade tem sido um tema frequente das reflexões neste espaço. Continuo a não estar convencido da solução, seja pela extrema dificuldade de a aplicar politicamente, seja pelo agravamento de desigualdade que provocaria e ainda pela necessidade não satisfeita dessa proposta vir acompanhada de uma estratégia mundial para a sua aplicação. À medida que o tempo vai correndo sobre tais propostas vai surgindo evidência de que o decrescimento não é uma boa saída para o problema. Os anglo-saxónicos têm um termo excelente para explicitar a não necessidade do decrescimento. O termo é decoupling e significa que podemos separar os dois processos, continuar a crescer, segundo outros modelos e padrões e, mesmo assim, intensificar a redução das emissões de gases com efeitos de estufa. O post apresenta alguma evidência para o mostrar.)

A evidência que consta do gráfico acima vai nesse sentido do “decoupling”. Todos os países representados conseguiram manter processos de crescimento e ainda assim reduzir emissões. Isto não significa que não seja necessária mais ambição nesse propósito de redução de emissões, mas a emergência das renováveis começa a sustentar esse decoupling. Há dias, circulou a informação de que a produção de energia renovável, eólica e solar, tinha representado mais do que 50% da produção de energia em Portugal. Como parece evidente, a produção de renováveis integra um novo padrão de crescimento e traz consigo redução de emissões, como se pretendia demonstrar. E estamos ainda longe de começar a ver efeitos da aposta no hidrogénio verde e sabe-se lá que tecnologias a ele associadas, desde que a questão do armazenamento e estocagem de energia tenha igualmente um forte impulso.

Por isso, salvo melhor evidência, reservem o radicalismo para outras formas de aplicação. O decrescimento parece não ser necessário. Isto não significa obviamente o não respeito por quem pretende ser consequente nesse padrão de comportamento e enverede por modos de vida e de consumo compatíveis com esse decrescimento. É simplesmente uma questão de liberdade e de capacidade volitiva para o fazer.

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