Mais um desaparecimento de uma figura icónica da minha geração: Tina Turner, 83 anos. Voz potente e de timbre inconfundível, espetáculos inigualáveis pela sua força e originalidade, canções inesquecíveis nas suas “três vidas” (se puderem, vejam o excelente documentário que está na HBO). Vinda do soul, Tina começou por ser metade de uma dupla pessoalmente infeliz com o marido Ike nos anos sessenta (“A Fool in Love”, 1960; “It’s Gonna Work Out Fine”, 1961; River Deep, Mountain High”, 1966), tornou-se um fenómeno do rock’n’roll, sendo mesmo consagrada como “rainha”, interpretando a solo nos anos setenta (“Proud Mary”, 1971; “Acid Queen”, 1975; “Whole Lotta Love”, 1975) e culminou como estrela do pop e do R&B nos anos oitenta (“Let’s Stay Together”, 1983; “Private Dancer”, 1984; “What’s Love Got To Do With It”, 1984; “We Don’t Need Another Hero”, 1985; “The Best”, 1989). Ficaram também como verdadeiros legados para memória futura as duplas que formou com alguns dos grandes (Eric Clapton, David Bowie, Mick Jagger) e as breves e pontuais aparições que ainda foi fazendo a partir dos anos noventa (como com Herbie Hancock ou Phil Collins ou em bandas sonoras). Um phasing out em que uma assunção realista da lei natural da vida foi talvez acompanhada por uma inédita plenitude afetiva, instalada na Suíça e junto do feito empresário Erwin Bach (um autêntico companheiro, que até lhe chegou a doar um rim). Arrepiantemente inesquecível recordar audições e vivências comandadas pela energia e pelo talento de Tina!
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