(Como interpretar a votação esmagadora de Isabel Diás Ayuso em Madrid, agora que ela já prometeu fazer o Caminho de Santiago para um agradecimento divino dos resultados obtidos? Várias interpretações são possíveis, mas, para já, fico-me com esta da jornalista Máriam Martínez-Bascuñán no El PAÍS. Sem comentários adicionais:
“Madrid não vota como uma capital europeia porque se comporta eleitoralmente como uma capital latino-americana. “Madrid é uma nova Miami”, dizia o correspondente do Financial Times Simon Kuper. Mas isto não se deve à aspiração de Ayuso de atrair toda a reação latino-americana através de isenções fiscais e a um discurso anti-socialista que triunfa. Trata-se da sua economia dual, fabricada pela hegemonia do PP e de um modelo de cidade que fomenta o regime rentista que Aznar reivindicava nesta campanha. Trata-se também de uma geografia urbana gentrificada que paga pela sua segurança privada e que traduz bem a fratura crescente entro centro e periferia. A capital onde mais foi notado o esvaziamento dos serviços públicos durante a pandemia, a deliberada confusão entre administrações e a lógica mais grotesca do amiguismo; a comunidade que terciarizou a gestão dos seus famosos mercadinhos de bairro, essa em que se construiu um voto cómodo para as sujas elites financeiras e os seus políticos venais. Falemos claro: Ayuso é o estorninho negro com pinta de colibri que esconde os interesses económicos de uma elite empresarial sob ideais liberais.”
Isto vai aquecer até dezembro, lá isso vai.
Sem comentários:
Enviar um comentário