quarta-feira, 17 de maio de 2023

E COMO VAMOS DE INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO PELO MUNDO?

 


(A recente publicação pelo Financial Times do FDI Report2023 representa sempre uma excelente oportunidade para colocar em dia o nosso conhecimento sobre uma das dimensões mais relevantes da estrutura da economia global ou mundial, como lhe queiram chamar. No tempo presente, o interesse pela publicação redobra de importância, já que, como temos vindo a insistir neste blogue, a recomposição das cadeias de valor globais está em curso e o IDE é um dos indicadores mais expressivos do que estará a acontecer nessa matéria. Vejamos então o que o relatório do FT nos tem para oferecer para nossa surpresa ou confirmações


Num quadro global que está vivo e se recomenda, com crescimento de 15,7% no número de projetos em relação a 2021, em que o esverdeamento (greening) das economias parece ser o mote do IDE, com as renováveis a emergirem como uma grande fonte deste tipo de investimento, três ideias centrais dominam o relatório de 2023: (i) os EUA continuam a ser o principal destino de IDE; (ii) a Europa ocidental domina em termos de projetos documentados e (iii) a Ásia domina em termos de valor de capital investido. Mas se estes três dados não suscitam surpresa por aí além, já se torna particularmente relevante assinalar que são as renováveis a principal fonte do interesse do IDE que se concretiza nos diferentes países de destino. Como se sabe já há muito tempo, a composição setorial do IDE é uma espécie de variável de aproximação (proxy) às grandes tendências da inovação tecnológica. Ora os dados do relatório FDI de 2023 estão aí para nos mostrar que, embora sejam sensíveis as resistências e assobiar para o lado, fingindo que o problema não existe, a transição verde em direção à descarbonização e à neutralidade carbónica começam a dominar os grandes fluxos de IDE. As ondas de choque provenientes da invasão russa da Ucrânia terão sido o principal motor desta tendência.

Com o hidrogénio à cabeça, seguido da energia eólica e da energia solar e depois, mais recuadamente, as questões da biomassa, o IDE começa-se a transformar num forte indutor da transição verde, o que significa que a economia global, apesar dos sobressaltos, se movimenta para um padrão de investimento mais verde. Os semicondutores, a eletrónica e o software de TIC emergem como as apostas mais relevantes fora do quadro da economia verde. Saudavelmente, o imobiliário representa apenas 27,4 mil milhões de dólares, francamente abaixo das preocupações da economia verde.

Na geopolítica de destino do IDE na Ásia é a Índia que se des.taca à cabeça, suplantando a China claramente em termos de número de projetos (com quase o triplo).

Pelas bandas da Europa ocidental, o Reino Unido continua a mandar como país de destino e Portugal tem um crescimento relevante de 79,1% em termos de número de projetos, absorvendo 240 projetos de IDE.

 

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