domingo, 14 de janeiro de 2024

A DESINFORMAÇÃO COMO RISCO MAIOR

Muito interessante o “The Global Risks Report” deste ano, publicado pelo “World Economic Forum” (WEF). O relatório está cheio de análises e considerações judiciosas a variados níveis, o que impõe, portanto, a necessidade da sua leitura integral para devida apreensão do que está e vai estar em causa no mundo em que vivemos. Daí que aqui me limite a sublinhar um dos mais inesperados tópicos nele incluído, a saber, o da indicação da “má informação e desinformação” como o maior risco global a curto prazo – um apontamento que tanto prima pela excecionalidade em trabalhos deste tipo (ademais este, proveniente de uma entidade com as caraterísticas do WEF) como pela relevância que decorre da valorização de um dos maiores flagelos da presente época. Assim se lê no relatório: “Emergindo como os mais severos riscos globais previstos para os próximos dois anos, os atores estrangeiros e nacionais pertinentes salientam a má informação e a desinformação como os elementos que mais ampliarão as divisões sociais e políticas”. E, um pouco mais à frente: “Para além das eleições [legitimidades eleitorais em causa, mas também protestos violentos, crimes de ódio, confrontações civis e terrorismo] , é provável que as perceções da realidade também se tornem mais polarizadas, infiltrando-se no discurso público sobre questões que vão desde à saúde pública à justiça social. No entanto, e à medida que a verdade é minada, o risco de propaganda doméstica e censura também aumentará. Em resposta a má informação e a desinformação, os governos sentir-se-ão crescentemente empoderados para controlarem a informação com base no que eles próprios determinem ser a ‘verdade’. Liberdades relacionadas com a internet, a imprensa e o acesso a fontes mais amplas de informação, que já estão em risco de declínio, decairão no sentido de uma repressão mais ampla dos fluxos de informação num conjunto mais alargado de países.” Uma denúncia oportuna de um mal maior!

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