A Convenção do “Chega” em Viana do Castelo não trouxe grandes novidades ao apenas confirmar quanto o partido se confunde com o hábil (e mentiroso) André Ventura e quanto a sua base de apoio e implantação parece estar em largo crescendo no país.
Ventura, desta vez contando com a colaboração de alguns acólitos (como aquele Pedro Pinto que veio prometer IVA zero desconhecendo o básico de que tal não passaria na UE), tentou passar ao lado das suas inconstitucionais bandeiras fundacionais (como a castração química, a prisão perpétua e o ataque à etnia cigana) e posicionar o partido como uma alternativa de poder (i.e., capaz de ganhar as eleições); e assim prometeu tudo a quase todos (excluindo os dinheiros associados ao que designa por “ideologia de género”, misturando aqui medidas de combate a desigualdades e discriminações de muitos tipos) sem grandes preocupações de despistar a sua desonestidade intelectual fazendo um mínimo de contas (o “Expresso” fê-las, assim como Pedro Santos Guerreiro na TVI, e estaríamos a falar de promessas avaliáveis em 14 a 16 mil milhões de euros, algo superior a 5 a 6% do PIB nacional) – como bem sublinhou Pedro Nuno Santos, metade das propostas de Ventura é irrealizável e a outra metade é inaceitável.
Pensões, alívios fiscais, reposições salariais e outras, com destaque para as forças de segurança e os antigos combatentes, além de professores e médicos, o “Chega” tenta integrar-se no regime que denuncia, chegando-se à frente com o despudor que é apanágio dos desavergonhados (a colagem a Sá Carneiro ultrapassou os limites do abuso!). E, a crer na entusiasmada mobilização daquele “povo” (entre velhos reacionários e ressabiados e jovens impreparados e desiludidos), não obstante um certo descrédito resultante da anunciada “pesca à linha” nas águas laranja e liberal, vai mesmo obter um resultado importante (em torno de 40 deputados?) e capaz de fazer alguma mossa nas pretensões do PSD. O que só adensa as dúvidas quanto à estabilidade marcelista que resultará da dissolução do Parlamento ontem concretizada.
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