Hoje é um dia histórico no meu FC Porto, aquele em que alguém dotado de condições de credibilidade (André Villas-Boas) se propõe disputar o poder a Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente há 42 anos. Um presidente recordista mundial, sublinhe-se, alguém a quem os portistas devem inesquecíveis décadas de improvável sucesso a nível nacional e internacional. A disputa promete, sobretudo se tiver lugar num quadro de transparência e jogo limpo, assim podendo permitir o cumprimento da máxima “que ganhe o melhor”; sendo que o melhor acabará por ser aquele que os sócios escolherem em consciência, divididos entre um tributo de enorme gratidão e uma energia nova e desonerada que se lhes apresenta. As cenas dos próximos capítulos serão não apenas determinantes mas sobretudo esclarecedoras quanto aos termos e caminhos de futuro que teremos ao alcance.
Aproveitando o tema central deste post, não posso deixar de me referir também a um outro ex-técnico do clube que igualmente o abandonou por força da competência revelada em funções e do irrecusável chamamento dos milhões que são a imperativa regra do jogo no setor (só quem está afastado do que o rodeia pode falar em traições em casos destes ou em outros relacionados com as contratações e rescisões de jogadores). Trata-se de José Mourinho, que acaba de ser despedido da Roma onde treinava há dois anos e meio após uma sucessão de falhanços na Premier League. Há quem goste de dizer que “o homem perdeu os poderes” ou ainda, e pior, que se deixou desatualizar e já pouco tem de diferenciado para oferecer; outros falarão de azar, erros na gestão da carreira, acomodação e episódios de mau feitio, distorções capitalistas e por aí adiante. O Special One volta a estar numa encruzilhada, agora talvez aquela de que pode resultar uma resistência ao ocaso em aparente evidência e, a ser o caso, uma eventual última oportunidade; se ela vier, importará que a pense e aproveite bem, mudando de registo; por ora, a única grande verdade, essa nua e crua, converge para as indemnizações que vai acumulando e já atingem mais de 90 milhões – o que lhe abre a hipótese, igualmente legítima e defensável, de os gozar mais plenamente sem deixar necessariamente de se dedicar com outra intensidade à sua paixão.
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