sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

UMA SAUDAÇÃO AO EXPRESSO

 

Após vários números com capas dominadas por recados e coscuvilhice, o “Expresso” de hoje tem finalmente uma manchete de jeito, i.e., alinhada com os reais problemas e interesses da sociedade portuguesa. O tema não é novo e temo-lo aflorado aqui por diversas vezes e sob diversas formas. Abarca simultaneamente a significativa emigração dos nossos cidadãos mais jovens (70% dos novos emigrantes têm menos de 40 anos), a transformação do nosso país num alvo em termos de fixação de cidadãos estrangeiros (com dominância brasileira mas indo muito para além disso) e nos riscos associados a uma natalidade nacional em forte queda. O grande headline aponta para o dado brutal de que 30% dos jovens nascidos em Portugal vivem fora do país e assim deixa o essencial bem resumido. Sendo que o que se vai seguir agora será do foro da chicana, com o PSD e a restante Direita a acusarem os governos do PS de não terem sabido enfrentar os problemas nacionais e a Esquerda a contrapor com os tempos da Troika e de Passos em que as saídas foram mais relevantes e os convites a tal acontecerem despudoradamente. É, pois, escassa a expectativa de um debate sério sobre o flagelo em curso, e também sobre as oportunidades abertas por alguns dos dados acima mencionados (sobretudo em sede de imigração, embora também em matéria de organização e aproveitamento da diáspora qualificada e de reflexão sobre as condições de atratividade para regressos mais cirúrgicos do que maciços), mas terá de ser por aí que teremos de ir mais tarde ou mais cedo se não quisermos continuar a assistir impavidamente ao inconsequente passa-culpas em que andamos e, portanto, ao esvaziamento e à desvitalização da nossa sociedade, por um lado, e ao seu agonizante e insustentável envelhecimento, por outro.


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