domingo, 21 de janeiro de 2024

UM TEXTO INQUIETANTE

 

Ana Sá Lopes (ASL) é uma jornalista experiente, séria e competente, um dos bons valores da profissão em Portugal. Pergunto-me, intrigado, o que a poderá ter levado a escrever o artigo que hoje assina no “Público” (“TAP: o Estado (ou seja, o Governo PS) contra Pedro Nuno, o candidato do PS”) e que termina assim: “esta é outra forma de ‘judicialização da política’. O destino de Pedro Nuno Santos está nas mãos da sociedade de advogados de Proença de Carvalho, que representa o Estado. O Estado significa o Governo. O Governo significa António Costa e Fernando Medina. Tenham medo, tenham muito medo.” Não sem pelo meio ainda escrever o seguinte pedaço de prosa reconhecidamente conspirativa: “Aparentemente, os dois [António Costa e Fernando Medina] vão tentar, de todas as maneiras, acabar com as possibilidades de Pedro Nuno chegar a primeiro-ministro. É o que está à vista. Isto é tão bom, mas tão bom, que quase encaixa numa teoria da conspiração. Se fosse uma ‘vingança’ de António Costa (que nunca quis Pedro Nuno Santos à frente do PS) e de Fernando Medina (o preferido de Costa para seu sucessor) contra Pedro Nuno, a coisa era capaz de não sair tão perfeita.” Alguém me explica o que é que isto quer dizer? Será que está tudo louco? É que, a haver uma réstia de verdade na especulação de ASL, estaríamos entregues a algo de doentiamente inqualificável numa sociedade democrática que, apesar das múltiplas viciações de funcionamento que vai exibindo, ainda considerávamos como dotada de elementares componentes de normalidade e decência...

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