É de perversa antologia a capa do “Tal&Qual” desta semana e publicada ontem. Desconheço o que quer que seja sobre a autenticidade das mensagens enviadas por Nuno Rebelo de Sousa e do email reencaminhado pelo Presidente, mas posso admitir que não haja fumo sem fogo (seja este qual for) e custa-me a crer que os responsáveis do jornal (mesmo que de um jornal menor) arriscassem cometer um erro grosseiro de tal gravidade. Repare-se ainda no requintado detalhe da frase de Nietzsche adotada como heading da semana: “O que o pai calou aparece na boca do filho e o filho é o segredo revelado do pai” – uma escolha aparentemente desconexa ou empolada mas talvez melhor percetível se indiretamente ligada a quem possa entender que a “ocasião faz o ladrão” (leia-se, no caso, a intenção). Porque dificilmente não haverá relação entre os factos acima e as seguintes declarações de José Paulo Fafe (o atual administrador executivo da Global Media que até junho passado foi acionista e administrador da empresa que relançou o semanário) no Parlamento: “Já disse pessoalmente ao senhor Presidente da República que sempre achei muito estranho o excessivo interesse que ele demonstrou pelo negócio da Global Media. Atrevo-me a dizer que o professor Marcelo Rebelo de Sousa foi uma das pessoas que mais contribuíram para fomentar a intriga em redor do negócio, criando e fomentando boatos em torno do fundo, como ele próprio me reconheceu em mensagem.” E, assim sendo, ou muito me engano ou este assunto das cunhas e das influências filiais ainda não acabou e até se arrisca a ainda dar mais que falar.
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