sexta-feira, 22 de abril de 2016

A DOENÇA INFANTIL DA TECNOCRACIA


Teodora Cardoso é uma das nossas economistas mais preparadas e uma pessoa da mais intocável seriedade. Mas a sua mais recente intervenção pública (sublinhando que o cenário macroeconómico do Governo não incorpora riscos internos e externos que já foram identificados e que podem ter impacto negativo na economia portuguesa), ainda que no quadro das atribuições do Conselho de Finanças Públicas a que preside, é uma daquelas provas inequívocas de como a técnica despida de uma consequente orientação política pode funcionar perversamente.

Isso mesmo veio dizer já esta tarde o nosso arguto Presidente da República: “[O Conselho de Finanças Públicas] é um órgão muito importante porque tem uma grande competência técnica – não é o único, mas é um órgão particularmente qualificado –, mas verdadeiramente decisiva é a posição da Comissão Europeia. Ela é que tem a palavra decisiva relativamente aos números que o Governo avançou e que lhe vão ser submetidos no dia 28”.

No talibânico contexto europeu com que estamos confrontados e em que tanta dificuldade temos de sobrevivência, a intervenção de Teodora não é apenas uma desastrosa exibição de um desnecessário chibar, ela é sobretudo chocante pelo aflitivo autismo que revela e pelas suas consequências objetivamente antipatrióticas...

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