sábado, 16 de abril de 2016

O CARAÇAS EM CARACAS


(elaboração própria a partir da base de dados do FMI)

É calamitosa a situação económica, social e política da Venezuela de Nicolás Maduro. Um dos indicadores mais cabais do completo descontrolo em curso é o da corrosiva situação hiperinflacionária que vai capturando todo o normal funcionamento do país – o primeiro gráfico acima mostra quanto a situação venezuelana era já excecionalmente gravosa à escala mundial no fim do ano transato e os dois gráficos seguintes mostram que a referida espiral tende este ano para um novo recorde de 720% (significando uma multiplicação dos preços por oito) e poderá atingir 2200% no final de 2017 e 4600% em 2021 de acordo com as mais recentes projeções do FMI (note-se que, a cumprirem-se estas previsões, tal equivalerá a uma multiplicação dos preços em mais de 400 milhões nestes próximos seis anos, i.e., a que algo que possa custar 100 bolívares hoje passasse a custar 40 mil milhões de bolívares no final de 2021). Como é óbvio, são igualmente catastróficas as repercussões deste estado de coisas em termos de um afundamento do valor da moeda nacional, que praticamente desapareceu desde a chegada de Maduro – de facto, enquanto o câmbio oficial ronda os 6,3 bolívares por dólar, o respetivo termo de troca no mercado negro oscila entre 1000 e 1200 bolívares por dólar e traduz assim o facto de a divisa apenas valer realmente menos de 1% do que aponta a cotação oficial!


Parece absolutamente inquestionável que o “chavismo” (e, sobretudo, o “pós-chavismo”) não terminarão serenamente, antes serão de esperar perturbações económicas e sociais gigantescas. Após o desaparecimento do “pai fundador” e do esbatimento do decisivo papel amortecedor decisivo que foi proporcionado pelas importantes receitas do petróleo com que o país foi contando (veja-se no gráfico seguinte a forte correlação entre estas e o crescimento económico, que já se estima ter andado em 10% negativos no último ano), os problemas sucedem-se a velocidade vertiginosa. Atente-se, p.e., em como os compromissos associados à divida externa se acumulam (o gráfico logo abaixo mostra que as amortizações devidas pelo governo e pela empresa petrolífera pública PDVSA e suas afiliadas ascendem em 2016 a quase 10,5 mil milhões de dólares) numa Venezuela que já de há muito se tornou um case for default, constituindo-se até no país do mundo que mais provavelmente virá a incorrer num processo de falência (vejam-se, no último gráfico, os níveis comparados dos credit default swaps que os mercados lhe fixam). Mais uma história trágica do populismo latino americano...



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