quarta-feira, 27 de abril de 2016

PERDIDO NOS NÚMEROS...

(elaboração própria a partir dos documentos oficiais em causa)

Nos meios nacionais supostamente mais especializados, bem assim como no seio da nossa política pura e dura, não há quem não encha a boca com a necessidade de mais crescimento económico. Uma daquelas unanimidades que tem muito que se lhe diga, sobretudo pelo que assim se esconde de mais ignorância do que conhecimento e de mais impotência do que eficácia.

Fui rever os números previsionais mais marcantes que têm andado por aí com referência aos próximos quatro anos. Vejam-se as quatro manchas do gráfico acima nas seguintes conformidades: a primeira mancha, que se reporta a estimativas de há um ano da responsabilidade do governo de Passos e Portas, deve ser posta em confronto com a segunda (contendo as projeções mais otimistas que então integravam o programa eleitoral do PS); por sua vez, esta segunda compara com a terceira para evidenciar a quebra das expectativas de crescimento postuladas pelo PS (ou também, se quisermos ser rigorosos, a diferença entre as intenções manifestadas pré-voto e as exigências decorrentes das negociações parlamentares tornadas obrigatórias para a formação do governo); por último, a terceira (que é atualmente a oficialmente em curso) tem de ser analisada em relação à quarta (que traduz a média, mais pessimista, das últimas previsões disponibilizadas por cinco instituições de referência: OCDE, Comissão Europeia, Conselho de Finanças Públicas, Banco de Portugal e FMI).

Confesso que não me sinto animicamente capaz de comentar toda esta ininteligível nebulosa. O que se me ressaltaria ainda agravado caso me tivesse dado ao trabalho de ir mais atrás no tempo para recuperar previsões passadas e os respetivos graus de desfasamento em relação às concretizações efetivamente observadas (é que, como explica a vinheta de Luís Afonso, a realidade parece que tem mau feitio!). A única verdade irrefutável no meio de tudo isto é a de que um País que está próximo da estagnação e em divergência real face à União Europeia desde o início do século não consegue dar sinais consequentes de que algo de substantivo e promissor seja feito no sentido de uma mudança enérgica da sua esgotada estrutura económico-social (sim, porque a questão nuclear – e bem complexa e diversa ela é! – acaba por não ser, obviamente, aquela da adaptação dos números à realidade). E quando assim vamos estando, assim vamos ficando...

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