terça-feira, 12 de abril de 2016

ALGUNS ALFAIATES DO PANAMÁ (I)




(Klaus Stuttmann, http://www.tagesspiegel.de)


Pouco podemos aqui acrescentar de útil em relação às bombásticas (que não necessariamente surpreendentes) revelações da espantosa e louvável investigação produzida pelo CIJI (Consórcio Internacional dos Jornalistas de Investigação) que, desde há alguns dias, vai sendo divulgada a conta-gotas pela maioria dos grandes jornais de todo o mundo. De facto, o essencial dos factos e dos números do maior leak de todos os tempos está por demais acessível por todo o lado, razão que me leva a optar por me circunscrever à meia-dúzia de apontamentos que, até ver, mais se me fizeram ressaltar das informações e leituras destes dias.

 (Steven Appleby, “Loomus”, http://www.theguardian.com)

(José María Nieto, http://www.abc.es)

(Joe Berger & Pascal Wyse, http://www.theguardian.com)

O primeiro já é velho e recorrente neste espaço, traduzindo-se tão-só na sempre explosiva conjugação de género humano e miséria moral. Com a impunidade a levar desesperante e invariavelmente de vencida sobre qualquer hipótese de expressão substantiva dos grandes valores individuais e coletivos. Até ao então irremediável dia do nosso destino final...


(Nicolas Vadot, http://www.levif.be)


Um segundo tópico tem a ver com a igualmente velha e gasta questão do sistema, afinal menos requentada do que nos pretendem fazer crer e afinal também longe de ser matéria definitivamente enterrada. Poupo os nossos leitores a grandes filosofias políticas, remetendo-os simplesmente para aquela sintomática máxima que há dias alguém acentuava (“será que posso fazer tudo o que não é proibido?”) e para um pequeno texto da “Time” que repõe na ordem do dia a polémica problemática do grau de capacidade de sustentação duradoura do capitalismo – resiliente e autorregenerador a pontos inimagináveis ele tem manifestamente sido, mais do que isso...

(Christian Adams, http://www.telegraph.co.uk)




O terceiro ponto corresponde a mais um sublinhado da natureza opaca e cleptocrática dos regimes totalitários à escala mundial, Rússia e China à cabeça por via do seu inquestionável peso e do chamamento mimético associado às suas revoluções e contrarrevoluções (sem ou com aspas, escolha-se). Por muito que disparem com indignação contra uma alegada “Putinfobia” (acima contraditada através dos principais frames de um explicativo vídeo do “The Guardian”) ou mandem remover as menções online ao escândalo que os envolvem por vias familiares próximas (incluindo o presidente Xi Jinping, acima imaginado a carregar o seu cesto de pertences após um sonhado despedimento), eles não enganam...
(CONTINUA)

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