sexta-feira, 29 de abril de 2016

DO NUNCA À CREDIBILIDADE, DO IVA AO ESPAÇO ORÇAMENTAL


O “Expresso” é reconhecidamente uma instituição nacional – como alguém disse, a única publicação que é vendida nos quiosques dentro de um saco e sem que o comprador tenha uma noção precisa do que consta do produto. Mas, como tudo, também este jornal tem os seus dias melhores e piores. O passado fim de semana foi um dos mais inspirados dos últimos tempos, com especial destaque para o caderno de Economia, onde pontuavam várias peças bastante informativas e estimulantes.

Folheando muito seletivamente: nas terceira e quinta páginas, as colunas de dois dos nossos melhores jornalistas económicos – o “Bloco de Notas” de João Vieira Pereira (mais à direita, digamos assim) e a “Cem por Cento” de Nicolau Santos (mais à esquerda); mais à frente, duas entrevistas a merecerem destaque, uma com o sempre desafiante Daniel Bessa e outra com o Nobel que mais nos visita Paul Krugman; pelo meio, e entre outros motivos de interesse, a análise ao caso BPI com foco numa esperada retaliação angolana e algumas revelações sobre a famigerada DG Comp da Comissão Europeia.

Os excertos acima e abaixo dão conta do tom dominante dos quatro escritos em causa, comprovando quão perigosamente interessante “isto” parece estar a pôr-se: uma preocupação essencial quanto à estratégia económico-financeira do atual governo português – uma preocupação mais preocupada com a credibilidade de Centeno no caso de Nicolau, uma preocupação mais crítica e irónica nos casos de Vieira Pereira (“terra do nunca”) e de Bessa (prenunciando um quase inevitável aumento do IVA até ao fim do ano, a ponto de sugerir uma aposta com o primeiro-ministro) – e a mais otimista exceção krugmaniana, confirmando assim o pessimismo da regra, que vai no sentido da defender a existência de alguma margem de orçamental utilizável por Portugal (incorrigível keynesiano!).

À atenção da ação e da comunicação governativa...

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