(Notas soltas
sobre uma notícia de jornal, algures na Galiza, trágica e sombria, contrastando com esta trégua de sol, ótima
para fazer descansar as guelras)
A trégua de sol que nos foi concedida deu um último alento
às aleluias, que talvez ainda tenham oportunidade de se aproximar do seu fulgor,
seguramente não atingido esta estação. No turbilhão de leituras de fim de
semana, fica-me uma notícia algo macabra do El País, referente a um acontecimento
trágico observado em Vigo.
A notícia obrigou-me a uma consulta rápida sobre o
chamado síndrome de Diógenes, aliás erradamente batizado e injusto para o filósofo
grego, que consiste numa alteração comportamental, em regra observada em
pessoas idosas, envolvendo isolamento social, paranoia e por vezes colecionismo
compulsivo.
Ora, ontem em Vigo, foi assinalada a morte de José Angel,
morto num incêndio gerado no lixo que reunia compulsivamente todos os dias de
contentores urbanos e de outras origens e que praticamente cercava toda a sua
casa. Ninguém reclamou o corpo. Estranha e trágica notícia, tanto mais que o El País conta que a descoberta do cadáver se deu graças a uma internauta das Canárias,
que anotou a ausência de Angel há cerca de uma semana do Facebook e do What’app.
O homem que padecia do referido síndrome de Diógenes tinha paradoxalmente 3.544
amigos no Facebook e foi uma das suas companheiras do universo da amizade virtual
que permitiu à polícia de Vigo identificar o ocorrido.
Estranha e triste metáfora dos tempos que hoje vivemos. Poderoso
contraste com a trégua de sol que nos preenche este fim de fim de semana.
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