segunda-feira, 25 de abril de 2016

DA POPULARIDADE DE CUNHA AO DOCE RECATO DE TEMER...

(Alberto Benett, http://folha.uol.com.br)


Enquanto o Senado não se pronuncia sobre a admissão do processo de impedimento de Dilma, o Brasil vai digerindo como pode o que lhe está a acontecer. Sendo que as desapiedadas apreciações críticas ao que de perturbadora desilusão marcou todo este período “pêtista” não impedem os mais lúcidos de denunciar veementemente um “golpe” democrático e constitucional urdido por bandidos, foras-da-lei, traidores e ambiciosos com pressa. Com o delinquente Eduardo Cunha e o nada recomendável Michel Temer ao comando dos acontecimentos e dos jogos de influências e bastidores.

Pelo meio da entretenga, a “Veja” – como pôde esta revista de referência descer tão baixo como tem vindo a descer na duvidosa defesa de uma causa anti-PT que decidiu abraçar a qualquer custo? – resolveu por estes dias ir um pouco mais fundo nos detalhes da vida privada do vice-presidente (o homem já vai a caminho dos 76 anos mas passeia uma esposa de 32 que com ele casou com menos de 20 anos e aos quase 64 do dito e de quem tem um Michelzinho com 7 anos de idade – Michel tem mais quatro filhos de outras senhoras). O artigo publicado (“Marcela Temer: bela, recatada e ‘do lar’”) é do mais pires que se pode escrever, uma encomenda em que o mau gosto impera de princípio a fim (a “quase primeira-dama” é “educadíssima”, “apareceu em público pouquíssimas vezes”, gosta de vestidos até aos joelhos e só lhe falta apanhar o cabelo para ser ainda mais comparável a Grace Kelly), tendo suscitado um movimento viral (vejam o hachtag #belarecatadaedolar) de reações furiosas e/ou irónicas nas redes sociais pelo padrão de imagem e comportamento feminino que pretende fazer passar por conveniente e reportar às maravilhosas opções de vida de Marcela. Com a acossada presidente Dilma a declarar-se convencida de que a “questão de género é um forte componente nesse processo”, pois que “certas atitudes não aconteceriam caso o Presidente da República fosse um homem”.


Em cúmulo de tudo isto, e à laia de paradigmática conclusão, vejam só este poema retirado do livro “Anônima Intimidade” que Temer lançou três anos atrás: “De vermelho / Flamejante / Labaredas de fogo / Olhos brilhantes / Que sorriem / Com lábios rubros / Incêndios / Tomam conta de mim / Minha mente / Minha alma / Tudo meu / Em brasas / Meu corpo / Incendiado / Consumido / Dissolvido / Finalmente / Restam cinzas / Que espalho na cama / Para dormir”. Simplesmente devastador!

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