segunda-feira, 25 de abril de 2016

A MAIOR FALHA DE ABRIL


Nota muito positiva para o tom e o conteúdo do discurso de Marcelo no seu primeiro 25 de abril presidencial. Que diferença em relação àquele Aníbal com que fomos amaldiçoados durante dez longos e intermináveis anos!

Quanto ao propriamente dito, o dia que simbolicamente hoje se celebra, a liberdade reconquistada é valor mais que bastante para que dele façamos um dos dias mais importantes da nossa vida nacional e coletiva.

Não pretendo, pois, produzir balanços necessariamente complexos. Mas, aqui e agora, sempre poderia afirmar que democratizamos com muito sucesso e alguns erros, descolonizamos com muito sucesso e alguns erros e apenas desenvolvemos com algum sucesso e muitos erros.

Traduziria como um exemplo cristalino da falha a que acabo de aludir a situação que vive a chamada “geração atraiçoada” (cito o “Expresso” de 2 do corrente mês, onde se elucidava sem margem para dúvidas o facto de a geração portuguesa mais jovem estar em perda em termos de desigualdades de rendimento e emprego relativamente às mais velhas desde há duas décadas – vejam-se os gráficos seguintes). Estamos assim perante um “fosso geracional” que inapelavelmente se vai cavando (“precariedade e baixos salários condicionam o presente e hipotecam o futuro dos jovens nascidos nos anos 80 e 90” e “a pobreza ameaça a velhice da geração milénio”), deixando abril e a minha geração num embaraçoso apuro. Não estou nada otimista quanto a ainda estarmos em condições e em tempo útil para reverter este estado de coisas, mas seria profundamente lamentável, e até dramático, que tivéssemos de enterrar os sonhos juvenis de mudar o mundo e/ou que um dia pudesse por cá ocorrer algo semelhante ao que surge antecipado na vinheta que encerra este post...



(Bernardo Erlich, http://bernardoerlich.com)

(José Manuel Esteban, http://www.larazon.es)

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