Acho que me vou repetir mas quando me deparei com este tão extraordinariamente falante gráfico relativo à evolução passada e projetada da demografia japonesa voltou a vir-me à cabeça o “milagre económico japonês” do pós-guerra e o modo como a voluntarista e dinâmica estratégia desenvolvimentista do Japão do terceiro quartel do século XX chegou a produzir hipóteses academicamente validadas em torno de um “modelo japonês” conducente à disputa da liderança de um novo ciclo de expansão da economia mundial, por um lado, e inspirador de ondas de bem sucedidos países seguidores da mesma via (os então chamados NPI’s ou novos países industrializados), por outro. Ademais, o dito gráfico serve também de irrecusável comprovativo relativamente à força determinante das interdisciplinaridades que, contra as triunfalistas proclamações economicistas que não cessam de ser produzidas, definem e moldam inapelavelmente as causalidades essenciais que atravessam a realidade concreta – no caso, o twist in the tale reporta-se aos explosivos constrangimentos à prosperidade económica (mercado de trabalho, produtividade, despesa pública, tensões sociais...) provenientes de uma população em significativo decréscimo (e que nas próximas décadas irá continuar a cair a bom ritmo, podendo chegar a menos de 100 milhões em 2050) e em acelerado envelhecimento (os maiores de 65 anos, que já estão nos 26% da população, chegarão ao recorde mundial de 40% a meio do século, fazendo com que a taxa de dependência dos mais idosos em relação aos cidadãos em idade ativa passe dos 42% atuais a uns impensáveis 75% em 2050). É bem verdade que nem tudo o que luz é ouro...
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