Nas páginas do “Jornal i”, o jornalista Nuno Escobar de Lima dirigia ontem a atenção dos seus leitores para uma outra – mas não menos sintomática – forma de olhar a presente crise institucional brasileira. O grupo de humoristas designado por “Porta dos Fundos” (onde pontuam nomes como os de Gregório Duvivier e Fábio Porchat) divulgara, no início do mês, um episódio (“Delação”) em que surgia ironicamente denunciada a parcialidade das autoridades em desfavor de Dilma, de Lula e do PT; as reações acusatórias dos internautas (tipo “vagabundo pêtista”, para apenas referir uma das mais meigas) não se fizeram esperar e foi espantosa a rapidez da queda do número de subscritores do canal (que anda em torno dos 11,5 milhões!) verificada em poucos dias; o sangue frio revelado por Gregório, Fábio e seu pares esteve ao mais alto nível, designadamente através de um brilhante sketch (“Reunião de Emergência 3, A Delação 2” – não perca, está no YouTube e já tem quase 15 milhões de visualizações) em que se confessam “desmascarados”, onde Duvavier se sai com uma tirada impagável (“Lula é um ladrão que roubou meu coração”) e no qual aproveitam ainda para mencionar exemplarmente o financiamento de 7,5 milhões de reais que receberam da Agência Nacional do Cinema para a produção de uma longa-metragem que estão em vias de terminar (“Fábio, pega logo nos 7,5 milhões que Lula mandou para a gente e coloca numa maleta que a gente vai ter de sumir por uns tempos”). Detalhes à parte, tudo isto tem muito de profundamente revelador: do profissionalismo e criatividade do referido grupo de atores, do estado de exasperação e aversão aos políticos que reina na opinião pública brasileira e do cu-de-boi constitucional e democrático para que o Brasil parece irremediavelmente arrastado...
(Osmani Simanca, http://atarde.uol.com.br)
Sem comentários:
Enviar um comentário