A comissão parlamentar de inquérito ao Banif já vai em muitas horas de declarações por parte de alguns dos principais protagonistas na matéria. Depois de Jorge Tomé ter disparado sobre o Banco de Portugal e também um pouco a torto e a direito sobre tudo o que mexe (da notícia da TVI ao jogo de bastidores do Santander, em especial), depois de Luís Amado ter levado tais tiros ao seu possível cúmulo (colocando o impacto da resolução do BES à cabeça de tudo e sublinhando que “a resolução é uma decisão do Estado”, mas também acusando as mudanças no governo e o vazio político criado pela transição de um governo para o outro, “uma notícia precipitada e inimaginável” e, ainda, uma DGCom que designou por “centro de poder agressivo e preconceituoso) – sem que um e o outro alguma vez se referissem a prováveis responsabilidades próprias –, eis que chegou a vez de ser dada a palavra às autoridades nacionais diretas: a ex-ministra das Finanças, o governador do Banco de Portugal e o atual ministro das Finanças. O passa-culpas foi completo: a primeira considerou que fez tudo bem, ao contrário do Banco de Portugal e de Bruxelas e, insidiosa mas menos explícita, deste governo socialista; o segundo não assumiu culpas nem falou das dos governos e apontou o seu dedo acusatório para o exterior (Bruxelas e BCE); o terceiro disse qualquer coisa como que não desejaria ao pior inimigo que tivesse de decidir a resolução de um banco num dia e atirou-se à sua antecessora e a Carlos Costa. Começa a tornar-se claro que os trabalhos desta comissão de inquérito acabarão por redundar em pouco esclarecimento útil para o futuro da nossa vida coletiva – às tantas, o que há mesmo é que virar a página do passado e que procurar tratar eficiente e energicamente do pouco que ainda resta...
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