sexta-feira, 1 de abril de 2016

ABATIDO EU ESTOU!


Infelizmente, a entrevista cuja chamada ocupa o essencial da capa do Jornal de Notícias de hoje não é uma brincadeira de 1 de abril, antes uma tristíssima realidade para quem tenha por paixão clubista irremediavelmente assumida o Futebol Clube do Porto (FCP). Não me refiro especialmente ao seu protagonista Alexandre, um mero aproveitador de circunstâncias e que o faz fingindo não entender do que se trata (ele que nem faz parte da estrutura ou dos órgãos sociais do clube, ele que não tem influência nas contratações ou na constituição do plantel, ele que é parte de uma instituição de bem e com contas auditadas, ele que não faturou ao FCP 1,94 milhões de euros entre 2012 e 2015 mas somente 596 mil euros), chegando até a mostrar-se virginalmente ofendido por gente eivada de má-fé, que vê fantasmas ou é puramente estúpida (“Não posso ser beneficiado por ser filho do presidente do F. C. Porto, mas está na hora de dizer basta! Também não posso, nem vou permitir, que seja prejudicado”).


Não é, pois, este peão das nicas (que nem o são tanto assim!), este chico-esperto que tão desajeitadamente se vitimiza (pois que não hesita em invocar a seu favor o cancro, o amor aos pais, a justiça e Deus) a razão do meu estado depressivo de hoje. A razão é bem outra e tem a ver com a degradação ao mais alto nível que parece ir-se instalando nos meandros decisórios do FCP – quais favorecimentos de arbitragens ou juízes “comprados”, quais negócios privilegiados ou duvidosos com empresários, quais episódios em torno de Carolina Salgado ou Filomena Morais, quais escutas do “apito dourado”, quais todas aquelas acusações que foram surgindo com direta proporcionalidade a um ciclo ímpar de vitórias nacionais e internacionais! Porque, para cada uma dessas insinuações, eu tinha e tenho um contra factual eficaz, uma resposta lógica ou um argumento que reputo de sólido. O meu irremediável problema é que desta vez existe mesmo algo de sordidamente errado no que se está a passar, o meu problema é que agora só não vê quem não quiser ver que é a Instituição que está a ser atingida nos alicerces éticos em que foi assente há mais de um século a sua construção e para cujo reforço tanto foi depois contribuindo o abnegado esforço de muitos e muitos – com Jorge Nuno Pinto da Costa à cabeça de todos, aliás; como bem diz o filho: “O F. C. Porto jamais terá um timoneiro como ele. O clube terá de estar eternamente grato a este presidente, só sai a lucrar com ele.” Não é nada fácil sair disto...

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