Hoje estou com pouco tempo para “blogar” e algo irritado com muitas coisas exógenas, apenas compensatoriamente reconfortado pelos ecos das primeiras três cantatas da “Oratória” de Bach que consegui ir ouvir ontem à noite na Casa da Música (com interpretações maravilhosas da Orquestra Sinfónica do Porto e do Coro Casa da Música, sob a direção musical de Stefan Blunier, e de quatro solistas de primeira água como são a soprano Anna-Lena Elbert, a meio-soprano Helen Charlston, o tenor Joshua Ellicott e o barítono Rafael Fingerlos).
Deixo as irritações para um destes dias, não sem antes me referir sinteticamente ao modo como crescentemente a nossa comunicação social (sobretudo a televisiva e dos canais onde passam as notícias que vão fazendo o nosso quotidiano) trata em loop e descuidadamente os temas que a realidade lhes vai oferecendo: nos últimos meses, a pandemia e todos aqueles especialistas de pacotilha que não se cansam de “explicar” e “prever”; nos últimos dias, as malvadezas da justiça em todo o seu esplendor de impunidade e incoerência (não me refiro, como é óbvio, às possíveis culpas de Rendeiro, Campos, Pina e Pinho, entre outros, nem às de Vieira e vários empresários futebolísticos há muito merecedores de boas lavandarias judiciais). Sem falar, ainda, dos comentadores que nos põem pela frente (há grandes e médias exceções, claro, mas apenas confirmadoras da regra geral e dominante) a pronunciarem-se sobre tudo e mais alguma coisa sem grande fundamento de causa (que não o ideológico ou o da “encomenda”) e visivelmente divertidos pelo entretenimento do “pagode” que lhes é permitido e, ademais, sob boas condições de remuneração. Num quadro destes, o que pode resultar em termos de opinião pública que não volubilidade e inconsciência ou, mesmo até, afetações socialmente graves da saúde mental de quem ainda insiste em querer ser parte?
Sem comentários:
Enviar um comentário