quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

AI A NOSSA RIQUEZA RELATIVA...

De há uns tempos a esta parte que a maioria do país político e empresarial enche a boca com o facto determinante da visível perda nacional em termos de nível de vida comparativo no concerto europeu, na decorrência do crescimento anémico português que marcou os primeiros vinte anos do século XXI. Uma verdade insofismável!

 

No “debate” político, esta mesma realidade tem sido discutida entre dois mundos paralelos e que dificilmente podem encontrar-se: do lado dos que ocupam o poder, insistindo no sucesso da convergência alcançada em relação à média europeia ― convergenciazinha, diga-se e veja-se o gráfico abaixo; do lado dos que estão na oposição, sustentando o caráter falacioso deste indicador para aferir a nossa real evolução no seio dos 27 e contrapondo preferenciais e mais ajustadas comparações competitivas com os parceiros comunitários menos ricos do Sul e do Leste.

 

Ora, o “Eurostat” acaba de publicar os últimos dados relativos ao indicador que continua a ser considerado como o mais pertinente em sede de medida da riqueza relativa dos países, o PIB per capita à paridade de poder de compra. Com eles desenhei o gráfico acima que, não sendo assaz original, ilustra atualizadamente a tendência de empobrecimento que nos vem definindo ― passamos, com efeito, de 83% da média europeia no imediato pós-crise financeira para 76% no último ano encerrado (2020), assim manifestando uma queda só ocorrida em mais outros dois “casos perdidos” (o da desgraça grega e o do trambolhão espanhol, vagamente acompanhados pelas estabilizações eslovaca e croata) e fazendo com que hoje apenas tenhamos sete países em pior lugar no ranking (dos quais três evidenciando tendências que os levarão a rapidamente nos ultrapassarem, como já sucedeu com o encosto da Polónia no último ano) contra os nove de 2009 acrescidos das anteriores superações por parte da República Checa e da Eslovénia.


Dizer mais o quê? Que alguma coisa tem que ser feita para contrariar este marasmo e que isso deve ser tarefa de muitos, incluindo agentes governamentais que não atrapalhem nem estraguem...



(Luís Afonso, “Bartoon”, https://www.publico.pt)

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