É absolutamente impressionante o volume de trabalho que vai sendo quotidianamente divulgado sobre a situação económica, política e social da China. Como o meu parceiro do lado, tenho dedicado algum tempo a prestar atenção ao tema, hoje por hoje numa ordem-do-dia que decorre do papel cada vez mais relevante que o “gigante asiático” desempenha e tende a desempenhar no seio da (des)ordem económica internacional que nos envolve. Na semana transata, por exemplo, assisti a um webinar organizado pelo notável think-tank “Bruegel” ― o título (“China’s Medium Term Outlook: Will Innovation Save China From Becoming Old Before It Becomes Rich?”) já dizia quase tudo quanto ao desafio intelectual e prospetivo que se pretendia lançar... ― e no qual pontuou a especialista espanhola e senior fellow Alicia Garcia-Herrero (AGH) ― ela que é também a economista-chefe para a Ásia-Pacífico do banco de investimento francês “Natixis” e professora da “Hong-Kong University of Science and Technology”, entre outros cargos que vai desempenhando.
Da intervenção de AGH, estimulante a variadíssimos títulos, retirei o excerto de três slides acima por me parecer bastante clarificador, quer no seu encadeamento lógico quer nas suas hipóteses de resposta em relação ao real peso efetivo do “milagre chinês” (vejam-se o grau de incomparabilidade existente entre a atual China das badaladas grandes façanhas de crescimento e a Coreia do Sul do início dos anos 90 ou o Japão do início dos anos 80, como também a maior exigência associada aos igualmente diferenciados e desfavoráveis riscos de envelhecimento e endividamento com que a atual China se confronta). Estamos aqui em presença, em toda a sua extensão, da problemática do middle-income trap (tão glosada pelos investigadores do desenvolvimento, nomeadamente no quadro da Europa, a propósito das dificuldades de transição de determinadas economias de nível intermédio para situações de nível alto em razão de fatores competitivos diversamente influentes), uma matéria que está na primeira linha de foco das análises prospetivas sobre uma China que só mudando determinantemente de modelo (com uma prioridade estratégica e marcante à inovação) poderá atingir algum enriquecimento sustentado antes que o envelhecimento e outros passivos (incluindo os ligados à excecionalidade e incerteza da dimensão política em presença) a venham bloquear sem remissão.
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