segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

E VOU NA TERCEIRA!

 


(No Centro de Vacinação de Vila Nova de Gaia, Devesas e não no Pavilhão Desportivo do primeiro período de vacinação, tomei a terceira dose, o chamado reforço, e enquanto esperava pela vez (praticamente em cima da hora do agendamento) e depois aguardava por um recobro agora mais facilitado e limitado a 15 minutos, deu para magicar estas breves notas que ficam para memória futura deste mergulho em tempos atribulados. Não sei a quem se deve o desempenho, mas o processo de vacinação em Vila Nova de Gaia continua a rolar no melhor dos ritmos, mesmo que o novo local de instalação do Centro esteja longe de apresentar as mesmas condições de espaço e de acolhimento que o Pavilhão das Pedras apresentava. Mas a sua libertação para a então interrompida atividade desportiva também se compreende e o velho edifício dos CTT nas Devesas foi adaptado para o efeito e funciona.)

Enquanto matutava em tudo isto, duas ideias sobrepuseram-se à cascata de temas possíveis que aquela experiência me despertava. Ambos simbólicos.

A primeira relaciona-se com o facto de ter apanhado as duas primeiras doses com ASTRAZENECA e agora o reforço da terceira ter evoluído para a Pfizer – Biontech. Nunca vi bem explicado cientificamente as consequências e alcance de se reforçar uma vacinação previamente realizada com uma dada tecnologia de vacinas (mais tradicional) com uma outra, de nova geração e da qual se esperam amplas externalidades para outras vacinas, com a chamada técnica do mensageiro. Pelos vistos, mandou o protocolo e ninguém dedicou especial atenção ao facto. O vosso Amigo que é picuinhas nestas coisas gostaria de ter um outro background para compreender a opção, não a encontrei e, fazendo jus à bonomia portuguesa que nos projetou para os píncaros da taxa de vacinação e incluindo já o processo de reforço, aceitei de bom grado aos seis dias de dezembro partilhasse também uma vacina de nova geração.

Mas pensando melhor encontrei rapidamente outro simbolismo. Associando a ASTRAZENECA ao Reino Unido e à Universidade de Oxford, dei comigo a pensar que as duas primeiras tomas correspondem à ainda nebulosa perceção de que o BREXIT tinha acontecido de facto e que a terceira já corresponde à perceção estabilizada de que o BREXIT está consumado e por isso se optou por um reforço à europeia. Todos nos recordamos do braço de ferro entre a União Europeia e a ASTRAZENECA sobre o fornecimento de vacinas que poderia ter toldado definitivamente o ambiente do processo de vacinação.

A segunda reflexão anda pelos domínios do simbólico um pouco anedótico. De facto, por muito que custe aos que duvidaram da capacidade nacional de levar a cabo com êxito o processo de vacinação, sobretudo aquela doutoral invocação da nossa pretensa incapacidade logística, tiveram que levar no lombo com um desempenho que nos levou aos lugares cimeiros da vacinação mundial. E quando o Vice-Almirante foi para outras paragens, “submarinar” até que lhe resolvam a sequência normal da sua carreira, se levantaram de novo essas vozes, clamando que sem o Gouveia iria ser o caos. Ora, como o pregador Marques Mendes o reconheceu ontem, mesmo com os atrasos do arranque, a máquina emperrara um pouco, com a vacina da gripe e o reforço da terceira dose à perna, os objetivos já foram alcançados 15 dias antes e caminha-se também para um êxito na aplicação da terceira dose. E não precisámos do Vice-Almirante, ficámos com um Coronel, que manteve o camuflado, e os arautos da desgraça lá tiveram que meter de novo a violinha no saco.

Eis senão quando os Alemães perturbados pela baixa taxa de vacinação alcançada e curiosos com a experiência portuguesa resolveram ir buscar um General de 2 estrelas para comandar o processo. E por aqui se vê a eficiência portuguesa nesta matéria, com um Vice-Almirante e agora um Coronel resolvemos o problema, não precisamos de Generais. De mal o menos …

Por fim, também simbolicamente, o cartão distribuído no fim do processo que anota a vacinação Pfizer tem no seu formulário de apresentação espaço para novas inoculações. Talvez seja uma coincidência sem significado, mas pode simbolicamente significar que outros reforços poderão seguir-se. Não quero ser pessimista, mas com o andar da carruagem da profunda designação das taxas de vacinação no mundo e também a Europa, parece-me que os autores do desenho do cartão foram sábios na ponderação de outros momentos de inoculação.

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