A(s) desigualdade(s) têm estado permanentemente no centro das atenções deste espaço como um dos temas incontornáveis do mundo em que vivemos. Nele me foco de novo com recurso a um recentíssimo relatório da OCDE, “Does Inequality Matter?”, mas hoje apenas para dele retirar uma muito curiosa observação sobre um dos lados mais inconsequentemente imutáveis deste nosso estimado país tão centralista quanto assumidamente tributário da dominância de um papel do Estado na resolução da maioria dos seus problemas.
O flyer abaixo e os gráficos que de seguida o explicitam de modo talvez mais claro evidenciam a nossa posição de último classificado no conjunto dos 32 membros da OCDE quanto à leitura que fazemos quanto à dimensão excessiva das disparidades de rendimento existentes internamente e, sobretudo, quanto à atribuição de uma responsabilidade principal à esfera governamental no sentido de uma desejada redução daquelas mesmas disparidades.
Ou seja, tanto por cá se berra pela libertação da sociedade civil e em nome dos benefícios da liberdade económica quanto acabam por ser precisamente os arautos dessas proclamações que encabeçam clamores pelo Estado sempre que as dificuldades apertam verdadeiramente. Procurei, em conjunto com os meus coautores, tratar desta restrição no capítulo 6 do livro que publicamos em maio, chamando-lhe “Da Confiança e Do Centralismo” e abordando questões decisivas como são as da intervenção do Estado em sistemas de economia de mercado ou as da ligação das caraterísticas culturais da sociedade portuguesa ao escasso dinamismo e ao “rentismo” do nosso modelo económico; tudo para trazer à tona a existência de um “equívoco sistemático sobre as políticas económicas e as funções do Estado”, que as nossas elites e a nossa “inteligência” não fazem senão ampliar (salvo raras e honrosas exceções) e, assim, replicar reprodutivamente nos cidadãos comuns.
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