(É seguramente um dia Feliz e de grande significado para os meus Amigos galegos, e aqui estou para o assinalar, não só pela longa Amizade, mas também por interesses estratégicos do Norte. Afinal, para Trás-os-Montes ter ali em Ourense a Alta Velocidade também não pode ser ignorado. Mais alguns meses e a Corunha, Santiago de Compostela e Vigo estarão também com relações modernas com a capital espanhola e com a Europa por via ferroviária. E apesar da divergência de plataformas de via em toda a Europa ser lamentável e refletir a curteza de vistas nos planeadores de infraestruturas é toda uma outra época de mobilidade que se abre, se a pandemia nos der tréguas para dela podermos beneficiar…)
Hoje, pelo início da manhã, o Rei Afonso VI, Pedro Sánchez, a vice-primeira ministra e galega Yolanda Diáz e outras personalidades políticas de relevo, incluindo anteriores ministros de Infraestruturas pontificavam no AVE inaugural que fará a ligação entre Madrid e Ourense em cerca de duas horas e pico, com paragem em Gudiña e Zamora.
É toda uma outra época de mobilidade ferroviária que se abre para a região vizinha, desta vez não preterida e relegada para o último lugar do acesso aos benefícios de uma poderosa infraestrutura de mobilidade. O estado da arte da ligação inaugural não é o definitivo, porque ainda serão necessários mais alguns meses para que a Corunha, Santiago de Compostela e Vigo fiquem totalmente enlaçadas na nova infraestrutura e Lugo demorará ainda mais tempo a concretizar esse objetivo. Todos os fatores que possam contrabalançar a situação periférica da Região são bem recebidas, mas há que elogiar a persistente reivindicação galega de inscrever irreversivelmente a Região na rede de Alta Velocidade espanhola e europeia.
Após anos de hesitação, a parte portuguesa compreendeu que politicamente a chegada da Alta Velocidade à Galiza poderia transformar radicalmente a acessibilidade ferroviária do Norte de Portugal e as condições de ligação a Madrid. Para já, a região de Trás-os-Montes é aquela que beneficia em primeira linha da chegada do AVE a Ourense e Zamora, mas dentro em pouco todo o litoral de Coimbra a Valença gozará de uma forte proximidade à alta velocidade a partir do momento em que ele chegue a Vigo.
Não posso nesta data deixar de recordar longas conversas com os meus amigos galegos Anxel Viña, os já desaparecidos Jaquín Alvarez, Joan Bouzada e Juan Dalda, Xulio Pardellas, amigos diversos da Xunta de Galicia como Xosé Lago que presidiu ao AECT Galicia-Norte de Portugal, o empenho de Xoan Mao no Eixo Atlântico, a reflexão ponderada de Fernando Laxe, catedrático da Universidade da Corunha e ex-presidente da Xunta. Sempre empenhados nesta longa maratona de quebrar as condições do isolamento e da perifericidade, europeístas convictos na sua forte determinação regionalista identitária e galega, julgo que estarão por estes dias felizes com a celebração, independentemente de alguns deles não se identificarem com a gestão política da Xunta.
A partir de hoje e sobretudo a partir do momento em que o projeto estiver totalmente concluído, não esquecendo a saída a sul de Vigo para Portugal num túnel que esperemos vá encontrar os “cartos” necessários para o financiar, a internacionalização do Porto e vá lá do Centro também terá na alta velocidade galega uma importante externalidade positiva que exige que nos organizemos e apressemos a ligação de Braga a Vigo. Não esquecemos a prioridade política atribuída por Pedro Nuno Santos a esta ligação em detrimento da alta velocidade de Lisboa a Madrid, por muito engulho e alergia que essa prioridade tenha causado em boas almas lisboetas. E só espero que a TAP não enterre o ministro e o governo, pondo em risco a prioridade assumida.
Mas isso são outras lutas. Por agora, é tempo de felicitar vivamente os meus Amigos galegos. O governo espanhol pode ser de Frankenstein ou outra figura qualquer, mas lá vai levando a água ao seu moinho.
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