Eu vou fazer como António Costa gosta: no caso, vou virar a página das eleições legislativas ontem acontecidas. E isso porque os resultados foram de tal modo improváveis e imprevistos, mesmo que bem melhores do que o que se dizia poder ser a alternativa dita de mudança, que não apetece continuar a jogar o jogo do comentário por manifesta incompetência pessoal para o efeito. Não obstante, e como pequeno prémio de consolação, sinto-me muito bem acompanhado por uma personalidade tão excecional quanto o é o nosso Presidente da República (que ficará doravante semi-desocupado, i.e., impedido de concretizar algumas das principais incursões de pressão e intriga que preparava desde outubro) e pela larga maioria da nossa comunicação social e das empresas de sondagens (que saíram da noite de ontem completamente descredibilizadas, podendo mesmo haver quem considere com alguma legitimidade que havia nelas algumas agendas políticas a quererem ser impostas com a ajuda de incompetentes, incautos ou servis comentadores ― não direi nomes, pelo menos por ora). Quanto ao resultado, ele deixa claro quanto o País depende na matéria de uma massa muito representativa de funcionários públicos, pensionistas e assalariados mal pagos (os do salário mínimo e do médio que se lhe aproxima) por contraponto ao maior dinamismo potencial dos jovens, das classes médias e da criação de riqueza; o que impõe que aqui expresse um desejo forte: o de que a maioria absoluta não seja um adicional elemento fomentador de nepotismos por demais perigosos e de um continuado imobilismo nacional perante as reformas urgentes de que carecemos.
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