sábado, 29 de janeiro de 2022

QUE RAIO DE REFLEXÃO?

(adaptado de Idígoras y Pachi, http://www.elmundo.es) 

Em tempos diferentes dos de hoje, “dia de reflexão” chamaram a esta véspera do voto. Algo de profundamente ridículo em tempos de redes sociais, com a agravante de a pandemia ter levado à possibilidade de mais de 300 mil eleitores discriminados terem votado no Domingo passado sem qualquer reflexão especial. Seja como for, amanhã há decisão e Marcelo já está a aquecer os motores...


Quanto à campanha, ontem terminada, resolvo-me a deixar uma brevíssima síntese sobre as prestações dos “nove magníficos”:

  • Costa, embora dececionante e completamente incoerente, conseguiu ainda ser razoável, sobretudo pela capacidade de adaptação que revelou às vicissitudes que se lhe depararam na decorrência dos erros de palmatória que os seus conselheiros do marketing político o levaram a cometer em termos de posicionamento estratégico;
  • Rio também conseguiu ser razoável, pela positiva porque se preparou melhor do que costumeiramente, foi eficaz na maioria dos debates e pareceu claro quanto às escolhas que fará em termos de governabilidade, pela negativa porque não tem um projeto claro, caiu crescentemente nas armadilhas que o adversário lhe foi colocando e acabou a gaguejar (ou a mostrar o jogo?) em relação ao que faria com o Chega;
  • Catarina foi bem para os interesses imediatos associados ao seu lado da barricada, embora tenha surpreendido pela postura de “Madre Teresa” que tendeu a adotar;
  • Jerónimo foi igual a si próprio, nem bem nem mal antes pelo contrário, sem prejuízo de a doença que o atingiu ir contribuir para lhe granjear mais uns votos;
  • Ventura foi medíocre, sem ideias e totalmente ziguezagueante, podendo ainda assim ter sido minimamente eficaz junto de hostes ignorantes e altamente reacionárias;
  • Cotrim foi bem na afirmação das suas causas (bem desconstruídas num artigo de Daniel Oliveira, “O egoísmo como partido”, ontem publicado no sítio do “Expresso”), deixando contudo uma imagem de algum pedantismo e arrogância que não o favorecerá junto de camadas importantes da população;
  • Francisco (CDS) foi surpreendente ao ser igualmente bem na sua combativa afirmação da declinante causa democrata-cristã mas não sem evidenciar notórias fragilidades de conteúdo e algumas contradições de discurso;
  • Inês (PAN) foi razoável e esforçada na defesa de causas irritantemente desestruturadas;
  • Rui Tavares foi bem na sua tentativa de contrariar uma peçonha que o parece acompanhar e que talvez desta vez o abandone, sendo apenas lamentável que o seu posicionamento justo e útil na atual conjuntura seja menorizado pela defesa de medidas pouco explicadas e mal estudadas, quando não completamente off face à situação concreta em presença.
(Andrés Rábago García, “El Roto”, http://elpais.com) 

E quanto ao je propriamente dito? Pois, fico-me pela afirmação de que votarei em consciência e na posse de todos os “meus” dados disponíveis e acumulados (os que relevam para o caso, pois então), pela ideia de que não deixo por isso de sentir que o meu voto vai arriscando sofrer imprevisíveis variações (a análise concreta da situação concreta lida à luz das sucessivas conjunturas, e desta em particular, provoca dúvidas metódicas de elevado grau) e pelo desejo de que o resultado de amanhã não nos leve para pior (Deus permita!). A terminar, um vaticínio (que é mais um palpite relativamente gratuito do que outra coisa mais sólida): acabaremos por ficar com um governo do PS parlamentarmente suportado pela CDU e pelo Livre; ou não!


(Felipe Hernández, “Caín”, http://www.larazon.es)

(Felipe Hernández, “Caín”, http://www.larazon.es)

(Felipe Hernández, “Caín”, http://www.larazon.es)

1 comentário:

  1. Quanto ao dia de reflexão, inteiramente de acordo.
    Dado que temos visões bastante próximas desta problemática, poderá interessar-lhe o que publiquei no Mosaicos em Português em https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2022/01/um-dos-motores-da-abstencao.html
    Bom fim-de-semana!

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