Vamos entrar na última semana de campanha eleitoral e a dúvida adensa-se em torno do que acontecerá no dia 30 e do que daí poderá decorrer em termos das condições políticas em que será prosseguida a definição do nosso caminho coletivo. Ou seja, as coisas têm vindo a ficar limitadas/afuniladas num Rio versus Costa, sendo essa mesmo apresentada como a grande escolha de fundo que se coloca aos portugueses! E, de facto, quem estiver fora de Lisboa e Porto, ou na melhor das hipóteses de algumas (poucas) das nossas cidades médias, não tem por onde ir se não se quiser deixar aprisionar por um tão reducionista simplismo democrático. Haverá quem resista ― e como? ― ou prevalecerá a resignação sob forma de abstenção?
Não quero hoje aprofundar aqui um tema já gasto (o dos projetos despidos de horizonte dos dois maiores partidos candidatos) e que mereceria bem mais do que aquilo que os debates e as entrevistas que vão existindo conseguem deixar expresso. Sendo que o facto é que o País não se pode ficar pelo triunfalismo taticista de um PSD que já começa a acreditar em sondagens (aquilo que diariamente a TVI/CNN nos apresenta pode ser chamado assim?) ou ao conformismo de um PS que ora acha que foi abençoado pelos deuses ora evidencia um nervoso miudinho perante os dados que se lhe vão deparando, não logrando minimamente reagir com inteligência aos ataques que vai sofrendo ― por isso, gostei de ouvir hoje José Pacheco Pereira (um notório apoiante de Rio) no “Princípio da Incerteza”, explicando com honestidade intelectual quão trágicos foram o “além da Troika” de Passos Coelho e as privatizações ao desbarato promovidas pelo governo PSD/CDS que se seguiu ao chumbo do PEC IV e ao afastamento de José Sócrates; matérias estas que seriam elucidativas para os eleitores se a comunicação social não se acantonasse na sua incorrigível preguiça e numa mera e satisfeita ampliação das tendências de vitória ou derrota que lhe vão sendo manifestadas. Naturalmente que terei de voltar a este assunto na semana.
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