domingo, 9 de janeiro de 2022

PUTIN MOSTRA-SE NO CAZAQUISTÃO

Já estamos tão habituados às notícias sobre terror e extermínio que o que tem vindo a acontecer no Cazaquistão quase nos não merece grandes considerações. E, no entanto, as ocorrências são graves no plano humanitário em si mas também no plano da estratégia russa de provocação afirmativa em relação ao Ocidente em geral e à Europa em particular.

 

As imagens acima falam por si, quer quanto ao vigor dos manifestantes em luta (um pouco por toda a parte mas especialmente em Almaty) contra o encarecimento dos combustíveis (o gás deixou de ser subsidiado a partir do final do ano passado, provocando uma imediata duplicação do seu preço em pleno Inverno), quer quanto à violência da repressão mandada pelo presidente Tokáyev (que já provocou largamente mais do que uma centena de mortos nas ruas e inúmeras detenções e destituições, designadamente a do chefe da Segurança Nacional), quer quanto à nova versão da “solidariedade internacionalista” com que russos, bielorrussos e demais parceiros da CSTO (a NATO deles, que junta seis países mas aspira consabidamente a incorporar outros mais) responderam ao “risco” de perturbação da ordem (o Kremlin qualificou a intervenção de uma “missão de paz”) que pretendem ver assegurada e alastrada a um máximo de regiões ex-URSS (atente-se nos veículos militares russos a ser carregados com destino ao Cazaquistão e um conjunto de soldados bielorussos a desembarcarem em terras cazaques). 

 

Putin é mesmo um ditador sanguinário e um perigo à solta no mundo em que vivemos, talvez o mais temerário e imprevisível de todos quantos nos cercam com a sua selvajaria. Talvez não seja por acaso que a "The Economist" tenha aberto o ano com uma capa alusiva ao dito.

 


(Kevin Kallaugher, KAL, https://www.economist.com)

(Agustin Sciammarella, http://elpais.com)

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