O mapa acima reproduzido configura regularidades já
conhecidas e que têm vindo a polarizar-se e sugere algumas novas ideias que
vale a pena confirmar se resultam de ilusões estatísticas ou simplesmente de
análises concretizadas longe e sem proximidade aos territórios.
A fonte é o caderno nº6 (Maio de 2012) do Observatório das Dinâmicas Territoriais na Europa elaborado no âmbito do programa ESPON 2013 e o tema está focado
nas Regiões e as Cidades na economia global.
Entre as regularidades, vale a pena confirmar que a
Europa é de facto um hub de alcance mundial para os negócios globais,
acolhendo 40% das chamadas empresas globais, bastante à frente dos Estados
Unidos da América (33%) e do Japão (15%). Força e projeção mundiais parecem
assim existir, o que falha é a governação de tudo isto. Paris e Londres acolhem
57,2% do total dos empregados em sedes de empresas globais, às quais se junta o
eixo alemão com Hamburgo e Munique a pontificarem.
Até aqui nenhuma novidade em particular, até na convicção
de que a Europa é incapaz de enxergar a sua própria importância e enredar-se em
atomizações que a fragilizam.
Uma análise atenta não pode deixar de deitar um olhar
furtivo à Ibéria. A bolinha de Madrid emerge como seria de esperar, mas as
outras bolinhas merecem atenção. Os óculos estão bem ajustados (a ida de hoje
ao sempre coloquial e rigoroso Dr. Paulo Rufino assim o indica) e por isso há
alguma surpresa. A bolinha de Barcelona é bem mais pequenina do que esperaria e
creio estar em linha com alguma perda de fôlego do projeto de
internacionalização da Catalunha, na qual o Barca corre o risco de não ter
região à altura. E não o estou a afirmar por tudo indicar que a Catalunha será
a terceira comunidade autónoma espanhola a pedir o auxílio financeiro a Madrid
(Oh! como os tempos mudam). O drama é que a situação espanhola é tão grave e
indeterminada que esta “rendição” catalã a Madrid não chegará a provocar qualquer
entusiasmo no centralismo madrileno.
Mas se os olhos não me enganam, a bolinha do Porto
(Norte) parece ser ligeiramente superior à de Lisboa. E, se assim for, no meio
de tanta adversidade, isto é boa música para os meus ouvidos. O Porto e
sobretudo a sua região urbano-atlântica têm um potencial próprio de
internacionalização que o país não tem querido aproveitar e potenciar, ou mais
propriamente o “país” da linha Cascais-Estoril é incapaz de integrar no seu
curtinho mapa mental de Portugal, agora que o império voou. Vale a pena
investigar nos próximos dias se isto é música real ou se é fruto pelo contrário
de qualquer inexatidão estatística. Em guarda.
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