Ótima entrevista de Eduardo Ferro Rodrigues ao “Jornal i” de anteontem. Serei suspeito, mas cada vez mais me convenço de que o chamado “processo Casa Pia” teve contornos complexos/perversos, predominantemente políticos e estrategicamente dirigidos à decapitação essencial do Partido Socialista que então liderava – e que o País assim perdeu aquele que seria o melhor e mais sério primeiro-ministro que lhe teria naturalmente acontecido…
Opto
por apenas focar a dimensão europeia das declarações de Ferro. Sendo que a
frase que faz o título de capa aparece algo descontextualizada – o todo é este:
“Se esta lógica inaceitável de caminho para uma recessão fortíssima e
estrutural nos países do sul da Europa se mantiver a médio prazo, ao mesmo
tempo que a Alemanha continua a beneficiar de taxas de juro negativas para se
financiar, temos de começar a pensar noutras alternativas. Eu orgulho-me muito
de ser dos mais europeístas entre os dirigentes mais antigos do PS, mas não
posso admitir que a Europa – que foi a esperança da democracia e do
desenvolvimento português –possa vir a ser o coveiro da democracia e do nosso
crescimento económico.”
E
quando é o próprio Ferro, com a cautela que se lhe reconhece, a assumir que
“podemos chegar a um ponto em que não haja outro caminho que não seja um
desmantelamento organizado do euro”…
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