domingo, 15 de julho de 2012

INSÓLITA TRANSFERÊNCIA


Um Observatório sistemático e competente sobre o “há vida depois de se ser ministro” que fosse construído e regularmente alimentado proporcionaria informação bem mais rica do que a mais recente reportagem da SIC dedicada aos casos mais mediáticos como Dias Loureiro e companhia.
Seria sobretudo interessante captar as tipologias de situações que poderiam ser encontradas, como por exemplo:
  • Os casos de nítida alavancagem da sua situação e notoriedade profissionais, descrita sobretudo pela evolução do seu curriculum profissional após a experiência por mais traumática e controversa que ela possa ter sido (casos por exemplo de Daniel Bessa e Augusto Mateus);
  • Os que regressam a uma situação de quase nula exposição, nas suas profissões anteriores, mantendo coerentemente a sobriedade dos seus percursos (casos por exemplo de Laborinho Lúcio e Marçal Grilo);
  • Os que se mantêm ativos na sua atividade política (casos por exemplo de Correia de Campos);
  • Os que ingressam numa atividade empresarial de muito maior expressão do que a que tiveram antes das suas experiências ministeriais (casos por exemplo de Jorge Coelho, Dias Loureiro ou Ferreira do Amaral);
  • Os que regressam à sombra protetora dos grandes escritórios de advogados (tantos são os casos que nem sequer é possível citar);
  • Os que permanecem na dança dos gestores públicos ou para públicos de topo (a variedade também é grande);
  • E outras tipologias que só uma análise sistemática e abrangente poderia captar.
Tudo isto apenas para salientar que a Espanha está ao rubro e por todos os motivos. Uma insólita transferência acaba de vir a público na imprensa espanhola que bate todos os casos insólitos que se conheça.
Jordi Ausàs, ex-conselheiro do governo do último governo catalão de esquerda tripartida, liderado por José Montilla, ingressou diretamente, pelos vistos sem qualquer período de nojo ou de aprendizagem profissional, em atividades de contrabando. De político a contrabandista trata-se de uma transferência que não lembraria ao diabo, sobretudo nos domínios de contrabando de tabaco. Pelas últimas notícias, Ausàs entrará hoje na prisão de Ponent em Lérida, tudo indica depois de uma curta experiência profissional de 4 dias. Insólito, não é? Caso passional, trama, o que quer que seja, foi iniciada mais uma tipologia no “há vida para além de se ser ministro”, neste caso de algo cargo de conselheiro de governação.

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