Está visto que os portugueses não aguentam este tipo de
pressão de terem às costas um país ávido de visibilidade e de redenção
mediática. O síndroma de Fernando Mamede parece ter regressado. Recordam-se que
o nosso fundista/meio fundista Fernando Mamede por várias vezes expressou os
efeitos deste síndroma, que consiste em não aguentar a pressão do poder ganhar
com a meta à vista. As pernas não respondiam, especialmente porque a cabeça
bloqueava na eminência de estar ali ao pé da vitória.
Provavelmente, a derrota de Telma Monteiro radica noutros
fatores, designadamente no facto de lhe ter tocado um primeiro combate mais
exigente do que seria de esperar numa primeira ronda. Em Pequim já o mesmo
tinha acontecido, talvez não com o impacto que esta derrota de hoje provoca.
Mas o facto de ser porta-estandarte e de a probabilidade de medalhas estar
nesta Olimpíada mais rarefeita do que em Pequim, criou as condições de uma
pressão mediática a que a valente Telma não resistiu.
Os portugueses têm uma capacidade de resistência notável
a muitas outras adversidades, mas este tipo de pressão parece não conviver bem
com a nossa massa genética. Mourinho com a sua arrogância é provavelmente uma
exceção, mas afinal a sua resistência à pressão é muito de “mind games”.
Afinal o homem não marca grandes penalidades nem é confrontado com uma baliza à
sua mercê.
A alta competição tritura os mais valentes e Telma é
seguramente uma delas. Veremos se os seus 26 anos resistem a esta deceção
nacional colocada inapelavelmente em cima dos seus ombros.
A sua declaração após o insucesso de “Vou fazer o meu luto e seguir em frente” é
muito portuguesa.
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