Foi um prazer ver e ouvir Mário Soares no último “Prós e Contras”. Trazendo a política para o centro do vendaval que nos assola, como só ele sabe. Pequenas inconsistências técnicas à parte, irrelevantes para o efeito já que a árvore não é a floresta…
Assim disse: “Claro que houve exageros de despesas em
relação à saúde. É possível que houvesse. Terá que ser isso resolvido? Terá.
Mas quando se vê, por exemplo, que uma pessoa, que está numa terra, tem que
fazer um tratamento todas as semanas e tem que ir a um hospital, não há
hospital, não há centro e já não há maneira de ele se transportar porque não
tem dinheiro para pagar um táxi, isso não pode seguir. E ao mesmo tempo nós
sabemos que há o buraco do banco, do BPN e de outros que há também, há o buraco
da Madeira, há o buraco daqui e dali, ninguém pensa que seja importante esse
dinheiro nem sequer saber para onde ele foi. Isso não pode ser.”
Ou, reportando-se ao discurso oficial da “fatalidade”
e do “não temos dinheiro para nada”: “Mas tivemos para tudo, tivemos dinheiro
para engordar a gente que está a engordar ainda agora, neste mesmo momento.” E,
ainda: “Quando houver uma necessidade, tem que se explicar muito bem porque é
que é essa necessidade. E não tem que se esconder aquilo que são os pagamentos
que se fazem a pessoas, que se continuam a fazer para isto, para aquilo, para
aqueloutro.”
Alguns avisos em complemento:
·
“[A população portuguesa] não é tão paciente como se julga e como
disse o primeiro-ministro – ele está enganado nisso e vai ver o que lhe vai
acontecer nos próximos tempos. (…) Quando se diz assim: ‘os portugueses são
pacientes’, quer dizer que são parvos. Não são, não são nada parvos.”
·
“Mas a mim o que me aflige, neste momento, é que eles estão a
destruir Portugal. (…) Então quem é que está contente com este Governo?”
·
“Para onde é que nós estamos a ir? Para onde é que nós vamos? Isso
é uma coisa que me aflige.”
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